domingo, 27 de setembro de 2009

Sobre o amor romântico

Eu sou uma romântica. Romântica incansável, injuriada e imutável. Deus que me perdoe, mas haja paciência com os de coração de gelo! Os que não demonstram seus sentimentos me deixam extremamente irritada. Não há vergonha alguma em dizer ao amado o tamanho de seu amor e lhe prometer o céu e as estrelas! Lembre-se que arrependimento não mata...Por que dizer que "pegou um monte noite passada" é mais legal que dizer "eu amo aquela mulher com todas as forças"? Não é, não! Pois fique sabendo que amar é muito melhor que pegar.Falar de amor deveria ser algo natural, como ao dizer para a sua amiga que comprou um par de sapatos. E admitir que os românticos são sempre os mais cogitados deveria ser algo universal (porque faça-me o favor: bad boy?!)Inclusive, não é o mundo que precisa de mais amor e mais romantismo. São as pessoas. Porque o amor está aí, de graça, mas ele é dependente das pessoas para florescer. E o romantismo, ó céus! Por que não fazes mais românticos como antigamente? Que mulher não quer ser chamada de "meu amor"? Que mulher não gosta de receber flores, seguidas de uma carta melosamente linda? E que homem não gosta de carinho, de ser considerado um verdadeiro príncipe?Amar com romantismo é unissex, de graça e faz bem. Por um mundo mais apaixonado!

e se encontrares algum assim, dê valor.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Janela de passagem

(parte 1)

Duda dirigia-se a janela dos fundos como fazia rotineiramente. Abria-a com a audácia de um praieiro esperando por mais uma manhã de sol...Triste saber que ali era de chuva.
Se já não bastassem as botas batidas ficaria ali agora, eternamente, esperando por ele passar. Esperando pela ausência que nunca será preenchida, apenas tampada com um pouco de tempo dentro da saudade.

(parte 2)

D’outro canto da casa estava dona Inácia, típica senhora -avó de Duda-, com seu vestido de flores azuis. Agarrada ao peitoril da janela de conversinha com Dona Inês, fofocando mais uma vez da Morena:
“Mas essa Moreninha! Será que não cansa de crescer barriga não?”.
“Deixa ela, Na... d’ela ainda são só três, e você que teve nove para alimentar?”
“Os tempos são outros, Nê! São outros...”.
E seguiam-se os nas e nês até a panela de pressão chamar pelo almoço.

(parte 3)

Do outro lado da rua estava João Antônio: mulatinho, sete anos, sonhador.
(Sonhador... Palavra tão desejada entre muitos daqueles cantos).
Olhava a janela como se fosse doce. Estava esperando sua mãe, Morena, voltar da quitanda, enquanto brincava com seu aviãozinho de papel; furava nuvens e atingia estrelas, ora aviador, ora astronauta, seguia cometas e pegava passageiros de todos os cantos.
Ia de janela a janela imitando o som do motor, parava às vezes para olhar se sua Mãe chegara, se estivesse ali teria de deixar o avião em modo automático e ir ajudar com as compras, mas enquanto ela não chegava dirigia seus olhos ao céu, tendo apenas a janela como a barreira para o infinito.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Breve análise do amor como bem indispensável de uma sociedade consumista

Meus queridos, O Amor é muito simples! Diferente de uma casa de pau com lareira de madeira, ele não incendeia. Não se preocupe então em ter um extintor de incêndio por perto antes de amar.
Presumo que ele também não seja venenoso, visto que nunca vi ninguém morrer depois de dar ou receber rubras rosas preciosas e românticas, exceto é claro, quando dentro do buquê vem uma colméia de abelhas de brinde, coisa que não é muito comum... Eu acho.
Não é radioativo, disso eu tenho certeza! Quando alguém perto de você disser "Meu coração está para explodir de amor", não corra para o abrigo antibomba mais próximo, será muito deseducado! A explosão de um coração apaixonado não libera partículas Beta, aliais, um coração explodindo libera no máximo uns litros de sangue e algumas víceras. Coisa boba!
O ponto que quero chegar é; Se o amor fosse um produto, seria não-perecível, do tipo que você doa em eventos beneficentes. Seria também de livre acesso, nada de "Manter fora do alcance de crianças". Fora do alcance, fora do alcance, ORAS! Deixe mais é que as crianças aprendam a usar o amor, aprendam a amar. Já temos tão pouco nessa vida, e ainda nos vem com "O amor machuca". O amor não machuca, as pessoas é que machucam. E para esses casos, temos novamente o amor! Tem remédio melhor? Você vai ao médico e diz "Doutor, sou um doente do coração amargurado", e o doutor, com toda a sabedoria do mundo responde; "Meu rapaz, vá até o mercado, a choperia, ou qualquer lugar mais próximo, e arranje uma boa dose de um novo amor". Pronto, está ai a cura, é só buscá-la. Só pra constar, não daria certo vender o amor em farmácias. Ele certamente teria uma porção de genéricos, e, apesar de ninguém querer um amor genérico para si, todo mundo iria comprar. Sabe como é, brasileiro adora um troço mais barato.
Se fosse um doce, o amor seria um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Diferente daqueles bolos de festa enfeitados com glacê, chantily, pasta americana e galhos de árvores silvestres, o bolo de cenoura é simples em sua essência. É delicioso, todo mundo gosta, e cai como luva em qualquer dia da semana. O bolo de festa, diga-se de passagem, cai sempre como uma bota. Uma bota no estômago.
O amor talvez devesse mesmo ser um bem de consumo que desse pra comprar no mercado, na mercearia, e que pudesse ser comido todos os dias da semana para adocicar a vida. Tem tanta gente ai no mundo, e tão pouco amor sendo produzido... Depois, quando mecanizarem a produção e começar a vir amor sintético embalado à vácuo, ninguém vai querer comprar. Também, cá para nós, máquina não sabe fazer amor, só a gente sabe.