sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Estação dos olhos castanhos

O outono sempre reina por trás de minha janela. Folha por folha despe as árvores, criando um ciclo de amor entre a maciez da terra e a rigidez dos troncos.
Cada folha que cai tem um balanço próprio, uma dança tão sonolenta, que nos transporta para outra realidade ao observarmos seu trajeto de corte pelo ar. Os pedaços vegetais quedam no solo com leveza, como o toque de uma mãe em seu bebê... É a natureza prosperando, se fazendo eterna e sábia como nenhuma outra coisa no universo.

Ver este balé verde-amarelo que uma vez por ano faz sua turnê pelos parques e quintais de toda a cidade, faz lavar meu coração. Saber então que neste outono,também poderei ter além dos meus, um outro par de olhos castanhos para observar o espetáculo, faz com que eu me sinta mais feliz ainda. Voltarei a ter ao meu lado a menina que adoça da melhor forma possível todos os meus dias. Poderei enfim abraça-la, e matar toda essa saudade que se acumula já a quase quatro estações... Saudade que pede esperançosa momentos felizes para servirem de recordação até um próximo outono, ou quem sabe um mais breve verão.

Enquanto a mãe terra aguarda uma folha seca que caia em sua face, e a nutra com o carinho de sua criação, eu espero um sorriso sincero, que nutrirei com outro tão sincero quanto. Serão dias belos... Sei que serão. Até então, só espero. Que venha logo junto ao outono, a primavera de minha vida.



"Hoje choveu bonito e manso pela tarde... Fiquei talvez por horas olhando o céu cinzento pingar, justamente para mim, lágrimas de solidão."

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

o sonho.

Não há alguém que nunca sonhou. Pode sair perguntando mundo afora, que não irá encontrar um único ser racional que não tenha ao menos um sonho, algo que almeje nessa nossa curta e passageira vida... já dizia Joseph Ernest Renan: "nossos sonhos são a parte melhor da nossa vida", e é verdade.

Todos sonhamos, imaginamos, queremos algo. Seja uma casa própria para morar, ou um carro para dirigir, ou uma viagem. Pode ser também o sonho de ter a mãe de volta para mimar, ou irmão para brigar, ou um amor para acarinhar, Seja o que for, sonhamos.

E sonhamos porque é preciso, afinal, sonhos não passam de meros objetivos de vida... e nada é tão importante para crescer do que ter metas a serem alcançadas. Acredite, a alegria de ter um sonho sendo realizado é enorme! Pricinpalmente quando faz-se de tudo para cumpri-lo.

Não pode haver medo. Sonhar é natural, é da espécie humana, quase um instinto. Po isso... não acanhe-se. Sonhar faz bem, é bonito, saudável e todo mundo o faz. Sem dizer que quando sonha-se alto, viajas completamente! E isso é uma delícia, não?

Sonhe sem medo. Não Temas o ato de sonhar. E sonhe alto, muito alto, sem deixar que alguém lhe diga que não irá conseguir realizá-lo, pois "o que alarga a vida de uma pessoa são os sonhos impossíveis"...


Mesmo quando ele consegue o que ele quis, quando tem já não quer!
Um Par, Los Hermanos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Amanhã vou para Lisboa (Recordar é viver)

A uns dois dias atrás, peguei com uma amiga dois cadernos meus, repletos de textos e poemas antigos (coisas que escrevi na sexta, sétima e oitava série). Já fazia mais de um ano que eu não os abria nem para folhear, então, resolvi tirar uma tarde para ler texto por texto, e recordar um pouco de minha "infância poética" (haohaoahoahaoa).
Sabem, quase todos os poemas que já escrevi, tem uma história por trás de cada verso... Coisas banais, das quais eu já nem me lembro muito bem. Independente disso, cada um deles se tornou único, por ter gravado em si um momento de minha vida. Ainda que antigamente minhas rimas fossem furadas (Do tipo "Ana tem cara de banana" aohaohaohaoahoa), que minha letra fosse horrível (eu tive um trabalhão pra decifrar meus garranchos :x) que fosse tudo tão simples, sem métrica e com muitos erros de português, acho que vale a pena guardar, e sempre reler toda essa minha "trajetória" pelas folhas de papel.

Mudando um pouco de rumo, encontrei no meio de um desses cadernos, uma idéia não concluída... Umpequeno texto o qual idealizei, mas deixei de lado por algum motivo maior. Ao ler um único trecho que deixei escrito, percebi que era hora de terminá-lo, então, eu o fiz. Posto aqui uma de minhas velhas idéias, moldadas por novos olhos.


Amanhã Vou Para Lisboa

Quero chorar minha vida toda, para a partir de então, viver somente dias felizes.
A morte dos avós, pais e irmãos, chorarei hoje. (A da bezerra e do amigo também.)
Todos os amores sofridos, vão correr em lágrimas. As feridas que o tempo me trará, se abrirão e cicatrizarão ainda hoje!
Todas as dores, minhas, dos outros, de Deus e do mundo, me encarregarei de derramar. Um, dois, mil prantos! Que seja! Chorarei tudo hoje!

Se tenho mais motivos para chorar...
Desconheço-os.

Se sabes de qualquer motivo que possa me fazer chorar...
Fale-me agora, para que eu possa chorar logo.

Amanhã cedo, fugirei de toda a tristeza. Pegarei um vôo para Lisboa.
Tomarei ao entardecer, um choop gelado, rindo e lembrando do dia em que chorei minha vida inteira. Farei isso como quem nunca mais irá chorar na vida.


Nao ficou lá essas coisas, mas, como todos os textos.... Tem sua história.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

sobre o amor (ou sobre a felicidade)

sendo

verdadeiro bonito único sincero diferente incrível profundo original extraordinário inigualável puro melodia intenso gostoso confortante desesperador música destruidor pulsante intimidador egoísta bravo gigante forte imponente poesia idealista romântico inexplicável movimento choroso dança complexo, INFINITO

pode ser a

alegria extrema de quem um dia sonhou com felicidade.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O poço

A batida quebra o peito,
Infiltra na alma
E afoga o ser.

O ser afogado não nada,
Bóia no Nada
É tudo ou nada.

Quem nada não sabe seu rumo
Eu vivo, ou sumo?
Sou peixe? ou pedra?

Se pedra, bem sente que pesa
Afunda, tem pressa,
Pro fundo do poço.

Do poço, não se vê o céu,
Se escorre pra terra,
Se vaga ao léu.

Ao léu, se encontra o topo
De um lado ou de outro
Porém ambos loucos.

Batida no peito da alma do ser... Afoga no nada da pedra do poço...
Só somos iguais, dos pés ao pescoço.



"O Buraco do espelho está fechado... Agora tenho que ficar aqui."
Arnaldo Antunes

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Desassossego.

Fez-se a arte de se perder a calma.
Da inquietação.
Da intranqüilidade.
Da aflição.
A eterna busca pela felicidade eterna.
Incansavelmente.
Uma busca que vai para a felicidade inexistente.
Para desejos que inda virão.
O transbordar dos pensamentos.
O desassossego da alma.
O transtorno do bom ou péssimo humor.
O esquecimento do barulho do silêncio.
Uma tranqüilidade que desabrocha na pele aflita, intocada, temida.
Agitada.
Alguém julgado pela impaciência e defendido pela irritação.
Um incalculável estímulo.
Fez-se a arte da exaltação.
Fez-se a arte do desassossego.



"Como pode alguém sonhar, O que é impossível saber ? " L.H.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Sofrimento Antecipado [de nada vale]

Chorava em silêncio porque já era madrugada e não queria acordar seus pais. Já era tarde e já fazia horas que estava naquela mesma posicão fazendo a única coisa que a fazia sentir-se menos pior. Não que chorar a deixava realmente bem, mas era como se um peso horrível desaparecesse de dentro de si. Nem seu cérebro paráva de pensar, nem as lágrimas paravam de rolar. Doía. Muito. Mas não conseguia parar. Nem de pensar, nem de chorar.

Sofria por antecipação; pensava só no que poderia acontecer , em como iria sentir falta de tudo, em como não queria deixar escapar de suas próprias mãos essa felicidade que a fazia tão bem... Ou será que não estava em suas mãos? É... pensando bem, simplesmente dizer "não" para o que iria acontecer mais cedo ou mais tarde estava fora do seu alcance.

Já passava das 3:30 da madrugada, quando olhou pela janela e viu aquela lua enorme e redonda... assim como seu rosto estava. Sentia-o inchado, Feito a lua. Sentiu como se o vento acariciasse seu rosto, como alguém querido a tocasse com carinho, quase dizendo para não temer o futuro. Aquilo a acalmou um pouco.

Dez para às quatro. Queria falar, mas não podia. Queria gritar, mas não podia. Queria ouvir uma música no volume máximo, mas não podia. De repente uma sensação de impotência tomou conta dela. Queria ir contra esse sentimento... não podia.

Quase 4:40. Já era manhã, algumas pessoas já estavam se levantando para irem trabalhar... quando ela simplesmente concluiu que cansara de sofrer antes da hora. Cansara de chorar para tentar espantar fantasmas que nem haviam chegado ainda. Iria aproveitar o seu momento, o tempo que ainda tinha. Do seu jeito. Decidiu ouvir o vento e não temer o que poderia acontecer.


Eu vou ficar são. Mesmo se for só, não vou ceder. De onde vem a calma, Los Hermanos.