segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Se

Se você me amasse iria atrás de mim na primeira oportunidade.
Se você me amasse iria até o inferno para tentar ficar ao meu lado.
Se você me amasse atravessaria quaisquer fronteiras para olhar-me nos olhos.
Se você me amasse faria de tudo para me roubar um sorriso.
Se você me amasse faria o impossível parar me convencer de tal amor.
Se.
E só se.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Labirinto

Além de cada passo, há você...
E é pouco todo o espaço, pra dizer
Que nesta vil tortura, quedo eu,
Ao repetir a trilha de um Teseu

Que dos raios de luz, só teve o breu
Que céus, por cruel pena, fez-se meu;
E ante a pior fera, pôs-me a ter,
Pior que um minotauro ou outro ser,

Nas heras que ferroam diamantes
Do tenro peito dos loucos amantes,
O ardor qual eu, caído herói, consinto.

Sem lã nem fuga, não renego a mim
O sufoco dos muros de marfim
De amor nefasto que dói; Labirinto.


03/12/09

sábado, 28 de novembro de 2009

Viva la Revolución!

Eu estou cansada, é! Quer saber? Cansei de ouvir por aí que mulher só é inteligente se sabe dirigir e fazer cálculos de matemática avançada, por isso começarei um movimento contra tamanhas asneiras!
Mulher inteligente é muito mais que isso.
Mulher inteligente tem um bom papo; facilidade com as palavras e um vocabulário extenso; tem argumentos; está sempre lendo um bom livro e fala, pelo menos, umas três línguas distintas fluentemente.
Ela sabe diferenciar uma escala de dó de uma de sol; ouve uma boa música e não um punhado de baixarias; vai ao teatro sempre que consegue; dá ênfase às poesias; e gosta de cinema - sem idolatrar Kubrick, mas sabendo que até uma comédia boboca tem seu valor.
É descolada e moderninha; conhece o mundo; já passou por infinitas situações, e tem o emprego fixo dos sonhos.
Portanto, nós, mulheres, precisamos nos unir e dizer para muta gente que mulher é tudo isso e muito mais (às vezes até encara um cálculo de matemática avançada)! Por um mundo menos machista.
E tenho dito.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Insonia

O ser silencioso apenas é angustia... Personifica na barba mal feita o desejo de ser só, enquanto a garganta, atada num nó, faz do ser silencioso somente ser o nada.
O nó na garganta desata, e ata o peito a bater.
Um suspiro rompe o silêncio, põe-se acelerado, pensamentos a correr.
E fulgentes pétalas vermelhas, chovem como o fogo do ontem e do amanhã...
Tempestade me afoga, vento corta a alma... Alma cortada, corta a vida.
Cessa o ar, a veia, o sonho... Resta ao mundo apenas corpo... Jardins noturnos, nunca mais.
A cafeína consumiu o fechar de meus olhos.
O ser abatido ri sozinho da vida. As fotografias correm sua mente, deixando-a com tom sépia, e cheiro de armário velho.
A cabeça despenca sobre a mesa de madeira... A luminária balança, os papéis escorregam ao chão, e os olhos se fecham pela ultima vez.
O silêncio é quebrado novamente.
- Apaga a luz amor... Vem deitar aqui na cama que amanhã ainda é terça, e tu bem cedo te levanta e pega rumo pro trabalho.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Eu não ligo mas me irrito (parte1)

Eu não ligo mas me irrito.
Olho ao meu redor, observo as pessoas atentamente e me sinto extremamente irritada com quem não tem nada a oferecer - seja um ombro amigo, uma ajuda, amor ou uma teoria revolucionária. Com quem não tem nada na cabeça se não um vazio.
Mundinho medíocre esse o meu, que vivo rodeada de pessoas que mais s epreocupam em comentar sobre todas as festas que foi naquela semana e as roupas que comprou na ponta de estoque. Por que será que tem gente que SÓ fala disso? Não me chamou para a festa e não comprou roupa para mim... não ligo! Tem também os que querem só falar de quem "pegou" noite passada e de que "bebeu todas e ficou muito louco". E os que só sabem falar de si mesmos? Aterrorizante! Tanto narcisismo para nada! Ou eles realmente pensam que nós nos interessamos por tudo o que aocntece com eles? Lamento, só. E ainda tem gente que tudo o que fazer da vida é fofocar e viver pelos outros. E é sempre uma fofoca inútil, que não muda a realidade de ninguém! "Você viu? A maricota comprou um carro novo!" Ah é? Bom para a Maricota!
O problema não é falar de festas, falar da noite passada e suas aventuras, falar de si mesmo e fazer fofoca. O problema é falar somente de festas e fofocas, e não saber dialogar sobre qualquer outro assunto que seja menos dispensável.
Pessoal alienado não faz meu gênero... não ligo mas me irrito.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Prólogo

"Doce-dia, fique triste não. Fique nunca, sempre nunca, e eterna e tenra.
Cura a face, e entre as pedras faz seu riso.
E feito Sol, brilha e irradia, todo e qualquer dia, só ria, sorria... Só sorria."





Tenho muito a escrever, mas não encontro as palavras certas para fazê-lo... Hora sei que encontrarei, e por mais que eu prefira buscá-las pelo resto de minha vida, breve, muito breve, talvez até forçando os olhos para cegar-me ante o inevitável, sei que feito os cantos da madrugada, sussurrarão em meu ouvido: "Estou indo embora...".

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Janela de Passagem

(parte 4)

Apoiado na janela, observando o mulatinho, estava André, ‘o ator’. Ator mesmo de comercial de pasta de dente e remédio para diarréia. Nada mais.
Prezava por ter uma inspiração igual a do moleque.
Mas o desprezo das pessoas pelo seu amor ao teatro haviam o levado ao fundo do poço.
Observava o menino relendo um roteiro o qual um dia era pra ter feito. O relia todo dia; toda hora, só para saber que erro cometera ao ter encenado na frente dos juizes. Nunca achava um 'porque', e quando achava não tinha certeza se era por isso, sentia que nunca iria saber...Mas de uma coisa sabia: estava louco para ir comprar a sua Vodka Russa falsificada no bar da esquina, isso sim! Isso sim o deixava feliz.

Olhou para a janela apenas para ver se anoitecia calmamente. Mas trombou seus olhos com Morena, a qual gritava para João ir logo abrir aquele maldito portão.


(parte 5)

Morena chegava em casa com suas sacolas: leite, açúcar, pão; alface, tomate, salsinha; laranja, banana e carambola.
João procurava por balinhas devolvidas como o troco entre elas.
Não as achava, se desinteressava, e ia, novamente, em busca de voar.
Morena arrumava umas coisas ali, ajeitava umas panelas aqui, e preparava a janta.
Ligava a TV enquanto o fazia. Hora sagrada: novela; assunto do dia amanha na manicure, quando desviados da vida de outro cidadão.
Olhava pela vidraça embaçada da janela a lua querendo se mostrar.
Panela, Salsinha, Novela...Tudo feito, tudo pronto.
Acabou-se mais um episódio daquela vida de ficção.
Iria viver a sua realidade; iria se por na janela, naquela mesma janela que horas antes João brincara com seu avião.
Ficaria ali, em estátua, esperando Seu José voltar.
Mas porque ficava esperando seu marido embriagado, que agora estava jogado em qualquer bar de esquina, para que voltasse e repetisse as mesmas dores da noite anterior?
Porque aquele coração infeliz pulsava incansavelmente por aquele amor já inexistente; pulsava pela ultima gota de sangue que as desculpas eram válidas, e de aquilo jamais iria acontecer...

Perdida na sua espera e nos seus pensamentos ouvia os passos impacientes vindos do andar superior.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sobre o frio

E eis que outro dia nasceu cinza, filho dos males da vida. Não há o que discutir quando assim raia a manhã. Basta a nós somente tomar um bom banho quente, pegar um bom e empoeirado casaco no fundo do armário, e ir encarar o mundo como os seres humanos que somos.
Em dias como esse, é normal sentir frieza vinda de todos os lados... O povo Cuiabano é naturalmente caloroso, e isso parece ter a ver com o calor da cidade, beirando ou passando dos quarenta graus quase sempre. A rotina é agitada, o Sol não da trégua, e esfacela qualquer um que tente encarar a correria com roupas bonitas e cabelos arrumados. Fico com pena dos advogados, que para manter a formalidade da profissão, saem por ai com seus pesados ternos e muito gel no cabelo para estarem apresentáveis à seus clientes. Eles devem gostar quando cai a temperatura, não ficam suados e nem precisam sair com gel melando até as sobrancelhas.
Fora os advogados, no frio, percebo menos alegria nas pessoas... Sei que como eu, todos acordam sem vontade de acordar, e muitos ainda por cima tomam um banho gelado de trincar os ossos, e saem antes da claridade para pegarem seus ônibus rumo à suas próprias histórias. Não tem muitos acenos, nem muitos "bom dia" pelo caminho. O cobrador do ônibus manuseia com cara amassada o dinheiro e por vezes erra o troco, parece estar ainda em sua casa levandando da cama. O trabalhador faz mais força que o normal para passar pela catraca, e logo desaba próximo a uma janela e encara o mundo pelo vidro como se tentasse encontrar alguma motivação no asfalto que rapidamente é deixado para trás. Não há no entanto nenhum grande consolo para o começo de um dia frio. Vê-se de seu casulo no máximo um gato morto próximo ao meio fio ou algumas pombas voando desajeitadas pelo topo dos prédios.
O ônibus para no ponto da praça Alencastro, próximo a prefeitura, e dele saem ainda como lagartas os Cuiabanos. Secretárias e comerciantes se espalham pelos casebres e edifícios do centro, e a cidade vai ganhando vida pouco a pouco. E mesmo com quatorze graus ferindo a pele, o Cuiabano faz seu serviço da forma costumeira, sem pestanejar e esperando que no decorrer do dia encontre seu motivo para sorrir.
Assim é vencido o frio em Cuiabá, vezes com caras rabugentas, resmungos, e uma teimosa esperança de ver no MTTV um novo anúncio de: "Previsão de trinta e nove graus e meio na capital para amanhã". No fundo no fundo, Cuiabano é meio pecilotérmico, e apesar de praguejar o calor do meio-dia, não sabe viver sem ele. Dia de frio tinha mais é que ser feriado municipal... Algo do tipo "Dia do urso" ou sei lá.

domingo, 27 de setembro de 2009

Sobre o amor romântico

Eu sou uma romântica. Romântica incansável, injuriada e imutável. Deus que me perdoe, mas haja paciência com os de coração de gelo! Os que não demonstram seus sentimentos me deixam extremamente irritada. Não há vergonha alguma em dizer ao amado o tamanho de seu amor e lhe prometer o céu e as estrelas! Lembre-se que arrependimento não mata...Por que dizer que "pegou um monte noite passada" é mais legal que dizer "eu amo aquela mulher com todas as forças"? Não é, não! Pois fique sabendo que amar é muito melhor que pegar.Falar de amor deveria ser algo natural, como ao dizer para a sua amiga que comprou um par de sapatos. E admitir que os românticos são sempre os mais cogitados deveria ser algo universal (porque faça-me o favor: bad boy?!)Inclusive, não é o mundo que precisa de mais amor e mais romantismo. São as pessoas. Porque o amor está aí, de graça, mas ele é dependente das pessoas para florescer. E o romantismo, ó céus! Por que não fazes mais românticos como antigamente? Que mulher não quer ser chamada de "meu amor"? Que mulher não gosta de receber flores, seguidas de uma carta melosamente linda? E que homem não gosta de carinho, de ser considerado um verdadeiro príncipe?Amar com romantismo é unissex, de graça e faz bem. Por um mundo mais apaixonado!

e se encontrares algum assim, dê valor.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Janela de passagem

(parte 1)

Duda dirigia-se a janela dos fundos como fazia rotineiramente. Abria-a com a audácia de um praieiro esperando por mais uma manhã de sol...Triste saber que ali era de chuva.
Se já não bastassem as botas batidas ficaria ali agora, eternamente, esperando por ele passar. Esperando pela ausência que nunca será preenchida, apenas tampada com um pouco de tempo dentro da saudade.

(parte 2)

D’outro canto da casa estava dona Inácia, típica senhora -avó de Duda-, com seu vestido de flores azuis. Agarrada ao peitoril da janela de conversinha com Dona Inês, fofocando mais uma vez da Morena:
“Mas essa Moreninha! Será que não cansa de crescer barriga não?”.
“Deixa ela, Na... d’ela ainda são só três, e você que teve nove para alimentar?”
“Os tempos são outros, Nê! São outros...”.
E seguiam-se os nas e nês até a panela de pressão chamar pelo almoço.

(parte 3)

Do outro lado da rua estava João Antônio: mulatinho, sete anos, sonhador.
(Sonhador... Palavra tão desejada entre muitos daqueles cantos).
Olhava a janela como se fosse doce. Estava esperando sua mãe, Morena, voltar da quitanda, enquanto brincava com seu aviãozinho de papel; furava nuvens e atingia estrelas, ora aviador, ora astronauta, seguia cometas e pegava passageiros de todos os cantos.
Ia de janela a janela imitando o som do motor, parava às vezes para olhar se sua Mãe chegara, se estivesse ali teria de deixar o avião em modo automático e ir ajudar com as compras, mas enquanto ela não chegava dirigia seus olhos ao céu, tendo apenas a janela como a barreira para o infinito.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Breve análise do amor como bem indispensável de uma sociedade consumista

Meus queridos, O Amor é muito simples! Diferente de uma casa de pau com lareira de madeira, ele não incendeia. Não se preocupe então em ter um extintor de incêndio por perto antes de amar.
Presumo que ele também não seja venenoso, visto que nunca vi ninguém morrer depois de dar ou receber rubras rosas preciosas e românticas, exceto é claro, quando dentro do buquê vem uma colméia de abelhas de brinde, coisa que não é muito comum... Eu acho.
Não é radioativo, disso eu tenho certeza! Quando alguém perto de você disser "Meu coração está para explodir de amor", não corra para o abrigo antibomba mais próximo, será muito deseducado! A explosão de um coração apaixonado não libera partículas Beta, aliais, um coração explodindo libera no máximo uns litros de sangue e algumas víceras. Coisa boba!
O ponto que quero chegar é; Se o amor fosse um produto, seria não-perecível, do tipo que você doa em eventos beneficentes. Seria também de livre acesso, nada de "Manter fora do alcance de crianças". Fora do alcance, fora do alcance, ORAS! Deixe mais é que as crianças aprendam a usar o amor, aprendam a amar. Já temos tão pouco nessa vida, e ainda nos vem com "O amor machuca". O amor não machuca, as pessoas é que machucam. E para esses casos, temos novamente o amor! Tem remédio melhor? Você vai ao médico e diz "Doutor, sou um doente do coração amargurado", e o doutor, com toda a sabedoria do mundo responde; "Meu rapaz, vá até o mercado, a choperia, ou qualquer lugar mais próximo, e arranje uma boa dose de um novo amor". Pronto, está ai a cura, é só buscá-la. Só pra constar, não daria certo vender o amor em farmácias. Ele certamente teria uma porção de genéricos, e, apesar de ninguém querer um amor genérico para si, todo mundo iria comprar. Sabe como é, brasileiro adora um troço mais barato.
Se fosse um doce, o amor seria um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Diferente daqueles bolos de festa enfeitados com glacê, chantily, pasta americana e galhos de árvores silvestres, o bolo de cenoura é simples em sua essência. É delicioso, todo mundo gosta, e cai como luva em qualquer dia da semana. O bolo de festa, diga-se de passagem, cai sempre como uma bota. Uma bota no estômago.
O amor talvez devesse mesmo ser um bem de consumo que desse pra comprar no mercado, na mercearia, e que pudesse ser comido todos os dias da semana para adocicar a vida. Tem tanta gente ai no mundo, e tão pouco amor sendo produzido... Depois, quando mecanizarem a produção e começar a vir amor sintético embalado à vácuo, ninguém vai querer comprar. Também, cá para nós, máquina não sabe fazer amor, só a gente sabe.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Gente, não me matem! Ok, eu sei que eu sou a "blogueira" mais relaxada de todas... mas... me desculpem pela demora? :( E de qualquer forma eu não criei nada novo (na realidade tenho vários textos prontos, mas que não estão comigo). E por isso vou postar algo que representa muito o MEU momento. E é do gênio, né. :)

Eu, Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis. Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém. Já abracei pra proteger, já dei risada quando não podia, fiz amigos eternos, amei e fui amado, mas também já fui rejeitado, fui amado e não amei. Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de amor e fiz juras eternas, "quebrei a cara" muitas vezes! Já chorei ouvindo música e vendo fotos. Já liguei só pra ouvir uma voz, me apaixonei por um sorriso, já pensei que fosse morrer de tanta saudade e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)!
Mas vivi! E ainda vivo! Não passo pela vida... E você também não deveria passar! Viva ! Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é MUITO para ser insignificante.

Charlie Chaplin.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Um pequeno passo para o homem

(Só para constar, este texto foi escrito três dias depois do quadragésimo aniversário da chegada do homem à Lua)

Existe além do carpete cor de palha, um piso de madeira... Está velho e gasto, mas ainda está. Além do piso, passou ainda a poucos instantes uma barata pela velha tubulação. Ela passou despreocupada, pois lá em baixo, não há quem a queira pisar, não há mesmo! E ela caminhou por alguns minutos, uma eternidade para quem tem vida tão curta e tão dura. Parou na beira de uma vala qualquer, e pensou (se é que barata pensa) em seu jantar... Se pudesse, sei que comeria caviar com trufas, ou filé à moda da casa, mas na falta de algo melhor, baratas comem... O que as baratas comem? Insetos menores, eu acho. Nunca estudei as baratas em toda a minha vida. Se eu for parar para pensar, na verdade estudei muito pouco, e tudo inútil. Não me interessa saber que o meristema é responsável pelo crescimento da planta, poxa! Ela cresce, não cresce? Isso seria mais do que o suficiente. Ai, se um dia me perguntarem o que comem as baratas, eu vou responder; "Não sei, mas sei que as plantas crescem por causa dos meristemas...". Mas isso não vem ao caso, voltemos à barata. Lá estava a barata, pensando em caviar e filé enquanto comia pequenos insetos (?) e bebia... Barata bebe? Acho que não, mas nenhum ser vivo vive sem água, então barata bebe. Retomando, e bebia uma deliciosa água recém-chovida em uma poça cristalina, quando, repentinamente desviou sua atenção da comida, e reparou em um ser humano passando pela rua... O filé queimou e o caviar acabou de repente, e na cabeça da barata, só havia o ser humano. Não o ser humano que está agora deitado em sua cama box com seu travesseiro de pena de ganso, e sim aquele que caminhava encharcado pela chuva que acabara de cair... Que caminhava sem pressa pela escuridão, sem medo. A barata, que também não tinha medo, perguntou a si mesma se seria aquele ser humano, lá no fundo, semelhante a ela... Ele certamente não comia caviar com trufas, muito pelo contrário, provavelmente algo um pouco melhor que os pequenos insetos... Não vivia pelos velhos encanamentos, mas certamente seu pequeno AP era repleto destes.
A barata pensou em se comunicar com aquele ser, que apesar de tão grande, lhe parecia agora tão igual, mas não sabia falar... Hesitou então. Precisava pensar rápido, pois seu irmão agora caminhava mais apressado, voltava a chover. Decidiu então, numa louca atitude, correr atrás dele e se comunicar como fosse possível. Daí, como nunca em sua vida, disparou pelo asfalto. Não havia mais o carpete macio cobrindo o piso, que por sua vez a deixava segura no encanamento, mas havia a coragem, toda a coragem do mundo em uma barata (Isso me soôu meio irônico, eu detesto baratas). Naquela hora, não haviam exércitos capazes de pará-la, era uma maratona solitária, uma busca por um elo qual ela tinha total certeza de que se criaria. A barata e o homem, o homem e a barata... As patinhas quase se desprendiam do corpo, mas, se ela era capaz de sobreviver até a uma explosão atômica, não cederia por algo tão importante e tão próximo.
Há quarenta anos e três dias o homem chegava lá, chegava na Lua, e descobria que, para a decepção de todos não tinhamos um queijão suiço rodeando a Terra. Hoje, quarenta anos e três dias depois, a barata chegou lá usando de todo o seu esforço de pequeno artrópode, mas claro, não disse uma frase marcante como a de Neil Armstrong porque barata não fala. Não houve também trilha sonora (apesar de eu achar que Moby cairia muito bem com o momento). Contrariando todas as leis da natureza, a barata afinal descobriu seu elo com o homem, e três milésimos de segundo depois, descobriu que esse elo doia mais do que qualquer dor que já havia sentido. Mais do que qualquer Hiroshima devastada. MALDITO SAPATO 42!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

pai!

Nesta postagem dei-me ao trabalho de homenagear uma das figuras (presente ou não) em nosso dia-a-dia: nossos pais.
"O Dia dos Pais tem origem na antiga Babilônia há mais de quatro mil anos. Um jovem chamado Elmesu moldou em argila o primeiro cartão. Desejava sorte, saúde e longa vida a seu pai."

Segundo domingo de agosto no Brasil, e tantos outros dias por ai.
Mas sempre o mesmo: pai.
Pai que deixa o filho, pai que não larga de nenhum jeito; pai que esquece, que sente saudade; pai que não tem mais filho, filho que não tem mais pai; pai que não sabe se é pai, e que nunca vai saber; pai que te irrita, pai sério, pai de circo; pai desleixado, pai que saiu de casa, pai que faz de tudo pra estar em casa, e pra botar algum dinheiro ali. Pai que conquista, pai que destrói... Mas ainda, pai.
Pai assim, daquele jeito...
Aqui, festejado pela primeira vez no dia 14 de Agosto de 1953. Mas antes de toda essa jogada da mídia e dos lucros ganhos em cima, tem o seu significado, o realmente importante: o valor e o respeito que damos a ele.
Pai é sempre herói, por mais anti-herói que por fora seja.
Domingo, presentes, família, recordações, avôs (mais ainda pais), mais presentes, almoço, abraços, sorrisos.
Precisam de palavras? Aqui, um abraço vale muito mais.
E quanta gente não consegue falar com seu ‘herói’, não consegue trocar nada mais que um bom dia, ou apenas algumas poucas noticias jogadas fora, é assim.
Não existe nenhum lugar escrito que para amarmos alguém temos que nos dar 100% bem com a pessoa. Não existe. Ainda mais quando o seu pai decide ser um daqueles brincalhões, inconvenientes nas piores horas, vontade é a de socar, mas agüenta, você será assim um dia.
E quando ainda vem com história de que ‘isso será para o seu próprio bem’? Sim, isso dói, mas em quase todas às vezes – quase - ele está falando sério. Ou ele simplesmente fala isso pra não ter que ir às 4 horas da manhã te pegar em algum posto/lugar/festa/ou sabe-se lá aonde.
E também, quem um dia vai estar na posição de pai é você, vai ter um filho que vai querer fazer tudo o que os outros amigos fazem, sendo escondido ou não. Vai ter que criar a ‘caixinha’ pronta para cada sermão de tal dia. Você que vai ter que buscar seu filho às 4 da manhã num posto no meio do nada. E para os que, por alguma desventura terão filhas, vão ter que agüentar o querido namorado dela dando um ‘perdido’ nas suas cervejas. Acredite, vocês vão reclamar disso.
Pai se faz de difícil quando o filho vai, e diz que também gosta de ter um quarto a mais na casa, mas mesmo assim ainda fica triste...Triste. Aquele quarto vazio, sabe que vai dar aquele aperto, aquela saudade. E quando filho volta? Põe a casa a baixo pra brigar. Só pra se fazer de ‘fortão’.
Só para não te deixar lembrar das lágrimas caídas na formatura ou no seu aniversário de 15 anos. É, é assim.
E pai que só tem filhas então? Que doa saber que o responsável por só ter meninas é ele, e que a espera do tal campeão vai ser a mais em vã possível, mas também, não trocaria nenhuma das meninas, por mais que odeiem futebol, carros e seus afins.
Por menos que ele te acompanhe na vida e por mais que ele tenha te deixado falando com as paredes, ele vai ter o mínimo de uma pontinha de orgulho do que nos tornaremos um dia, afinal, cada conquista nossa, é uma vitória para ele.
E por último, mas de muito longe o menos importante, como já dizia Vinícius de Moraes: “Quem nunca teve um pai que ronca não sabe o que é ter pai”.
Acho que nenhum comentário é realmente necessário (principalmente depois de todas as noites em que os roncos teimaram em atravessar as paredes e atingiram o nosso sono).
Assim...É assim.
Pai é chato e sabe ser ruim, sabe fingir e sabe que tem horas que tem que fazer o maior desagrado possível, mas nunca nos deixará para trás, pelo menos, é o que esperamos dele.
Da forma que for, do jeito que seja, pai é importante sim! E por mais difícil que isso agora pareça, respeite essa figura paterna, por que um dia (ai, um dia!), você sentirá uma saudade incondicional dele, e ficará a pensar: qual seria o sermão dessa vez?

A todos os Pais, ausentes, presentes, de consideração, inconseqüentes, companheiros, heróis...E especialmente, ao meu pai.

sábado, 25 de julho de 2009

Meio Par

Não me soquem (mesmo sabendo que eu mereço) por conta deste texto. Encontrei-o perdido aqui, e honestamente não consegui escrever um novo para a postagem. Um dia eu re-posto esse daqui um pouco "melhorado" hehe.
Beijo


Ela já sabia que seria um desastre desde o começo. Conhecia-o da escola, quando ela tinha 14 anos, ele 15. Tão boba. Fazia todas as vontades dele, e mesmo assim ele a tratava como “algo”. Mais boba porque ainda desse jeito levou adiante.
Estava apaixonada, e ele queria aventurar-se. Acabou que se casaram aos 21 anos dele, e ela engravidou. Se tudo estava errado antes, com o casamento ficou muito pior.
A ingênua começou a enxergar a realidade. Seu marido nunca estava feliz. Queria o que via na televisão, cobiçava o que era dos outros, não se contentava com o que tinha. Nem com a esposa. Além de tudo era cínico:
- Diz que a gente sempre foi um par! – falava para a mulher.
Estava sempre na rua, nunca o encontrava em casa. Finais de semana, então! Achavam que tinha morrido. Saía no domingo para jogar sabe-se lá o quê (mas o troféu nunca aparecia!), e só voltava no raiar da segunda-feira.
Até que um dia provou do próprio remédio e perguntou para a mulher:
- Como é que um filho meu é tão diferente assim de mim? – e deu-se o fim.



Inspirado na música Um Par dos Los Hermanos.

domingo, 19 de julho de 2009

Aos meus queridos pais

Terça feira, dia 14 de julho, foi o aniversário de casamento dos meus pais... 25 anos, bodas de prata.
Escrevi uma pequena mensagem de agradecimento a eles, e quero, pelo tanto que significou para todos de minha família, compartilhar com quem por um acaso quiser ler. Sem muitas outras palavras. Um abraço a todos, e até a próxima.


Aos meus queridos pais


Ao começar a escrever tais palavras, pensei que, como filho mais novo, teria muito pouco a dizer, pois dos vinte e cinco anos que hoje se completam, estive presente por somente dezesseis. Não tenho lembranças de tudo que aconteceu neste meu pouco tempo com vocês, mas tenho em minhas memórias mais do que o suficiente para agradecer por ter sido fruto de pessoas tão maravilhosas.

Benedito Aurélio, meu pai, muitas vezes o vi em situações ruins, derivadas de seu trabalho ou de outros muros que se ergueram em seu caminho, ainda assim, você nunca se deixou entregar, por mais nessas horas fossem escassas as soluções, sempre as buscou com fé, e ao final sagrou-se vencedor, servindo assim de exemplo para mim, por sua honestidade e perseverança.

Esther Augusta, querida mãe, sua fineza e ponderação, dentre suas muitas outras qualidades, sempre me serviram de base para qualquer desafio. Aprendi bem com a senhora, que não se consegue nada sem paciência e calma no coração, e que mais importante que vencer, é saber manter-se firme e racional mesmo quando derrotado.

Meus pais, vocês juntos construíram esta ponte de amor sobre a qual hoje nossa família se mantem. Todas as suas lições de solidariedade, força e caráter foram essenciais para a minha formação como pessoa, assim como sei que também foram para minhas irmãs, as suas filhas Mônica e Renata.

Hoje, em suas bodas de prata, como forma de parabenizá-los e agradece-los, teço estas singelas palavras que neste pequeno discurso, retratam uma minúscula parcela de todo o amor e carinho que sinto por vocês, meus pais.


segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vitalício!

Não queria postar bem esse texto, mas na falta de um...

Se lhe fosse contar a vida, morreria antes de terminar. Não que eu seja velho demais, mas a Vida é um tanto quanto detalhista. Seus olhos vêem tudo o que a Morte não alcançaria, e tudo o que para você é absurdamente pouco. Entretanto, para ela, é inexpugnável; novo; absoluto; belo; entristecedor...
Meus olhos são a janela para a Vida e minha boca, a porta. As pernas são a única liberdade a qual possuo e meus braços são exatamente as escolhas que tomo. Todo resto é resto em si, mas resto esse importante, que completa a mim; a nós, extremamente vital.
Se pensarmos e planejarmos a Vida veremos que restarão alguns poucos anos de contentamento com o ‘lucro’ produzido nela (nossos filhos, companheiros, amigos, carreira, e o resto...). Se pensássemos todos os dias nela, cairíamos tantas e tantas vezes que força alguma seria capaz de nos levantar.
Felizes são aqueles que deixam a Vida conduzi-los, não aqueles que a conduzem. Aqueles que saem sem rumo em busca de algo utópico e ‘opioso’, junto a ela”.
O destino, se assim posso chamá-lo, é incerto.
Ah a vida...Tão autodestrutiva!
Se tudo está bem como está, ela encontra alguma maneira de nos mostrar o defeito da situação, mas do mesmo modo, imperdoavelmente, mostra-nos a felicidade em um simples gesto.
- E as pessoas?
- Estão se refugiando atrás de papeis e níqueis, pondo -se sob a religião e colocando a culpa, em ninguém nada mais nada menos, do que ela: a Vida.
Felizes aqueles que sabem se culpar e tornam a Vida uma companheira, aliada, ou apenas alguém para se ignorar. Apenas algum outro e qualquer dentro dessa humanidade”.
Pobre Vida...E pensar que ela vai embora daqui tão rápido!
Não desmerecendo a nós também, pois a Vida sabe ser traiçoeira feita cobra, mas ainda há aqueles que sabem bem a aproveitar.Aqueles que sabem viver com intensidade e sem planejar o que se espera. Aquelas mesmas pessoas que acordam em dias ruins, como quaisquer outros; como eu, você, mas que olham e vem que a Vida é um tanto quanto passageira para nós e logo ela pegará o primeiro ponto de partida e nos deixará, sendo assim, segundo algum é mínimo o suficiente para perdemos.
Pois bem, o que tenho a dizer: somente aproveite...
Que esta seja outra proclamação da vida, outra em tantas outras que permanecem por aí.

domingo, 5 de julho de 2009

Trova de saudade




Qualquer lua, sem estrelas
É só lua solitária
Alumia sob as telhas
O resôo da toada

De um triste trovador
Trovejando pra'espantar
O que só lhe traz a dor
E emudece o cantar.

É saudade que rasteja
Sorrateira pelo meu
Céu que já é só quieteza
Sem a benção de Orfeu.

A garganta tece seca
Versos que voam com o vento
Água alguma que se beba
Faz vencer o desalento.

Canta trovador, encanta!
As estrelas vão-se embora.
Canta trovador, que tanta
Lua assim sozinha, chora.


André Yonezawa
02/07/09

terça-feira, 30 de junho de 2009

Carta a uma Guerra

Meu bem,
Estou fazendo esta junção de palavras a ti, no escuro, enquanto observo seu corpo cair num sono profundo.
Sairei antes que o sol de seus olhos nasça e brilhe em mim, antes que possa vir a ver a doçura continua do seu sorriso e o tilintar dos seus passos no assoalho.
Antes que possa me despedir; antes de me despedir de um jeito digno; antes que minhas lágrimas teimem a saltar dos meus olhos e cair por ti.
Odeio despedidas.
Sabe que não irei por vontade minha, irei por vontade do próximo; por vontade ao próximo.
Mas prometo de ti lembrar, todo dia, toda vez que o crepúsculo me alcançar.
Vejo agora que o tempo ruim não é tão ruim assim: a neve e a chuva não são tão frias e deprimentes, são bonitas e inspiradoras, mas onde é que eu vou, elas são de um tom vermelho vivo. Espero não ter que abraça-las...
Não quero que sofra de modo algum por mim, mas temo em lembra-la que a cada cinco minutos, de dez em dez já não posso mais estar aqui.
Se não voltar, coloque seus pés onde eles tinham de ir, onde nós tínhamos de ir, mas nunca fomos.
Não tropece nos seus sonhos, mas enterre os nossos.E’Leve os seus ao infinito...
Garanto que eles serão o meu único refugio para fugir de onde vou.
A guerra não está inteiramente lá, mas sim aqui, dentro de minhas quatro paredes ocas.
Sinto minha alma despedaçada, indo de encontro a ti, mas chegando duas vezes atrasada...
Eu, infelizmente, terei de deixar todas as nossas caixas e planejamentos guardados, prometo lhe trazer, assim que voltar, o último ponto para nossa aliança.
O seu dia será o meu.
Prometo lhe escrever quando puder, e fazer das palavras nossas inconfidentes.
Prometo lhe embrulhar beijos no papel e a sonoridade de minhas musicas: cante-as, para que ao longe eu poça ouvi-las, e perder ao menos a consciência para não ver o que ocorre lá.
E se não chegar, não me espere, porque voltar, eu jamais irei. O que voltará será apenas o meu paletó.
E faltam cinco minutos...E de dez em dez já não estarei mais aqui.

Bem, meu bem, aqui jaz o nosso último dia de muitos outros últimos dias.

Ti amo con tutte le lettere, senza più.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Essa vida...

A vida é um problema. Ou melhor, o problema é a vida. Não que eu queira deixá-la, mas é impossível aceitá-la como ela é. Sempre haverá queixas sobre qualquer pequeno detalhe que a torne um gigante. E queixemos para alguém que nos ama, por favor! Só estes terão a coragem de meter na nossa fuça que a única solução é... procurar uma solução. Além, claro, vai reforçar com um "tudo vai ficar bem".
A vida. Complexa. Caso você não tenha para quem reclamar - ou tem algum receio -, você pensa. Eu reclamo. Mas penso. Penso, penso, penso. Inclusive, estes dias estava pensando: se eu continuar a pensar assim, vou acabar sozinha. Mas não penso sobre academia, meu vizinho bonito, álgebra (bem, talvez o vizinho interrompa meus vastos pensamentos às vezes...). Eu penso em coisas que nem todo mundo entende o motivo pelo qual eu penso.
A vida; este é o meu tema. E certas coisas que a movem. Acredite: este tal combustível é estranho. Nem sempre é eficiente, certas vezes ele falha. Ó vida, por que não mais fácil? Ainda queimo meus miolos de tanto pensar em ti!
Não sou filósofa, nem nada; ainda. Sou uma mera estudante do segundo grau. Mas essa tal denominada VIDA é chata. Chata de entender. Difícil. Penso, penso, e só formulo hipóteses. Conclusões concretas... nada. Nós reclamamos na coitadinha, mas até hoje ela foi a única a alcançar a perfeição.


"Ah, a vida. Pode-se odiá-la ou ignorá-la, mas é impossível gostar dela" Marvin.

ps: Jimmy Neutron é quem está certo! =P



"Tem dias que eu fico pensando na vida, e sinceramente não vejo saída..." Jobim.

domingo, 21 de junho de 2009

Espelhos da alma

Requieto, mirava até então os distantes espelhos d'alma, tão belos... Mirava-os, e ainda que o fizesse fervorosamente, não via meu reflexo em canto nem beco algum daquele universo paralelo que se estendia por toda a profundidade dos mares, céus e sonhos. Sim, mirava-os como num sonho, como se fosse real, como se os tivesse para mim de forma qual nunca viessem a fugir ou sumir em sequer um raio que anunciasse o primeiro suspiro do Sol. Mirava um Sol, ou bem, dois sóis que brilhavam por duas mil outras estrelas.
Acalentava-os com os olhos, sem deixar por segundo algum ser mirado, para que não voassem flechas à minha direção. Se ferido fosse, meu sangue desataria a correr, pois fiz de meu peito também o meu calcanhar de Aquiles.
Amava-os como ama o poeta as suas mágoas, deveras com pesar algum, também como fazem as flores que brotam na noite, da sombra de uma sombra. Fascinado pelo que irradia, mais que uma canção sentimental que corre por entre os dedos, por notas vagas feito saudade do que não se tem, feito canto que se canta em vão, no vão da vida tão vã, tão vã.
Busco, ao menos por palavras que venham a roubar todo o narcisismo (que tenho não por mim, mas por ti) para entregar a quem, a quais, espelhos que maestrizam cegamente meu requieto.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Abraçante

O inverno veio de mansinho me pegar, não bateu a porta.
Trouxe todos aqueles jeitos sombrios depositados nas bebidas quentes, todos abstratos, sozinhos.
O que me seria conveniente agora, seria mais um abraço teu.
Daquele jeito que você veio noite passada: foi se aproximando de pouquinho em pouquinho só para me provocar, sussurrou no meu ouvido e como um golpe foi rápido. Mas durou o suficiente para trazer o bem-estar do meu sorriso.O frio que me consumia (e agora me consome) logo mais se evaporou. Foi-se embora.
Tinha-se ali, um amplexo.
Tinha-me envolvida e apertada. Calorosamente envergonhada.
Tinha tanta gente ali, mas só nós dois.
E se aquele momento, por algum desvio do destino, fosse em vão, eu saberia. Eu sei.
“Deixa a ti menina, vem a mim. Entrega-te!”.
Sempre bestifico suas palavras para tentar te enganar, entretanto só me engano. Admito que se você me disser pela segunda vez essas palavras, juro que caio em ti. Vem e me abraça então, entrega você a mim, todo esse calor contido nessas suas envolturas, porque o frio já está me roubando toda energia.
Volta então, e me segura nestes braços teus.


para um abraço em especial...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A Espera

Texto meio bobinho, por favor não me atirem pedras! Prometo que no próximo algo mais trabalhado virá.

-

A Espera

Tic-Tac. Tic-Tac. Dez minutos que parecem uma eternidade. Puro frissom. Toc-Toc. Os dedos tamborilam a mesa de madeira freneticamente, na esperança que o tão esperado "nhéééc" da porta, também de madeira, soe logo. Carros lá fora, buzinas intermináveis, blablablá de quem passa a pé, ônibus.
Tic-Tac. Onze. Hora do rush e pássaros cantam alegremente. Cachorros latem au, gatos miam miau e tudo o que o relógio consegue fazer é um irritante "tic-tac" que só parará quando terminar o aguarde. Este, que parece ser eterno... ele nunca chega! O pé balança e os lábios juntam-se e o dentes cerram-se e a respiração torna-se rápida.
Será a segunda vez, é o reencontro. A primeira foi boa; que essa seja perfeita. E que depois dessa venham muitas outras... Tic-Tac.
Doze. Doze intermináveis minutos. E tudo começou porque eu queria a opinião de um bom filme quando fui a locadora; ele se empolga quando fala do que gosta. Conversa vai-vem: café, bolinho, jantar. E agora isso. Doze e quinze, tic-tac. Droga! Droga, não, toc-toc dos dedos e o arrastar de móveis no andar de cima.
Doze e vinte. Interfone! Salto, desequilíbrio.
- Mande subir! - sorriso. TÉÉÉN, campainha. Mais sorriso.
NHEC.
- Treze! - segundo ela.

sábado, 6 de junho de 2009

Bossa

Cantava baixinho uma bossa qualquer, daquelas que falam das paixões da vida do poeta. Fazia-o tão distraída, que até então não saberia nem dizer se estava mesmo lá. O alvoroço a nossa volta, o restaurante, o mundo soava tão vazio para mim, forma qual além da canção, não havia mais nada. Todas as conversas ao meu redor eram mudas.
Eu também estava mudo... E meu reluto por falar não se resumia só a quebrar a sintonia do silêncio das mesas a minha volta, tampouco em cessar o cantar da amiga, que volto a dizer, talvez nem estivesse mesmo lá. Peguei meu prato e fui até o bufê.
Servi-me ainda calado, mas com palavras lutando para escapar... Estranho o jeito dos homens, de hesitar tanto para falar de flores. É besteira isso, penso eu. Mas como homem, também insisto em hesitar.
De volta a mesa, pensei mais mil poréns para ficar quieto, porém, "porém" algum serviu para me contentar. Engoli o tomate em seco, e deixei que fugisse por minha garganta que quer que estivesse entalado;
-Doce, 'tô sentindo falta de alguém aqui... Mas é de alguém que nem conheço... - Doce saiu de seu mundo tão repentinamente, que por um segundo, pareceu-me até ter se assustado. Apesar disso, sua voz não faltou com a casual meiguice ao falar comigo...
-Mas como assim? Falta de quem?
-Ah... Você não repara muito nas pessoas que almoçam por aqui todos os dias, né?...
-Acho que não muito. Você repara? - Veio um "sim' logo de cara em minha cabeça, porém o que saiu entre os lábios foi um mentiroso "não".
-Deixa pra lá, isso é coisa da minha cabeça... Disse isso voltando minha atenção ao prato ainda pela metade, e Doce, quando menos percebi já estava outra vez longe dali, perdida em uma outra velha bossa nova. Lembro-me, quando nos conhecemos eu estava a tocar violão em uma festa. Ela se sentou ao meu lado, e de início, ainda meio acanhada, ficou quieta só ouvindo. Ao entrar da madrugada, começou a cantar junto, pedir músicas, e entre outras, logo nos amigamos. Desde aquele dia até hoje, não vi (nem ouvi) uma música sequer que ela não conhecesse.
No dia seguinte, a cena se repetiu; Entrei no restaurante, e antes de me sentar busquei atento um par de olhos claros. Novamente não os achei. Doce segurou meu braço e me puxou para uma mesa próxima a janela, como quase sempre fazia. Ficamos sentados em silêncio, hoje ela não cantava, mas conservava na face o timbre de sempre. Pude ver além da janela o Sol à pico, fazia calor lá fora, porém dentro, bem no fundo, quase nevava.
Doce, após um longo suspiro, falou;
-Você estava a procurando, não é? - Estranhei a pergunta, fugi do assunto;
-Procurando o que?
-Você sabe... Os olhos...
-Olhos? - insisti em tentar fugir...
-Sim, aqueles olhos que você sempre procura. Eu sei quem lhe fez falta ontem.
-É... Ahh, eu sou tão na cara assim?
-Na verdade, é. Nunca falou com ela?
-Não... Tento tirá-la de minha cabeça quase sempre. Não vou perder meu tempo cultivando uma roseira que não vai dar flor.
-Se você acha... Bom, nem só roseiras dão flores... - Doce se levantou, e parou ao meu lado, a partir de então, tudo o que aconteceu foi feito um sonho acordado. Curvou-se próxima a minha face, e beijou-me de um jeito qual tenho certeza que só ela faria. Fiquei sem reação, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, Doce saiu andando. Cantava... ''O amor se deixa surpreender enquanto a noite vem...''
Passaram-se três semanas, e o cotidiano, sempre seguido a risca, fez-me entrar outra vez no restaurante. Busquei, ainda que em vão, olhos perdidos n'algum lugar. Sem vê-los, sentei-me em qualquer mesa de canto. Sozinho, sem bossa... E os olhos? Que me dizem por esperá-los?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Café

da kMe chama sempre assim, pr’uma conversa qualquer. E me encanta; canta.
Não liga pr’o que quer e nem para o tom do lugar. Mas quer ficar sempre entre nós, entre mim. A cada dia me cativa mais, como quem nada quer.
“Senta’qui!”, dizia afofando o lugar.
Chovia d’outro lado do vidro, e via-se a sincronia das folhas. O vento cantarolava, fazia sua mais bela melodia entrelaçar aquelas palavras túrgidas, abafadas e atrapalhadas ditas pelo plausível ser a minha frente. Ficava bonito...Mas talvez só para mim. Quem estava ao lado fingia não ver, mas ria de suas imitações tolas.
Falava; falava; falava e parou. Interrompido por um garçom: pediu dois cafés. E num intervalo de dois minutos para menos, observando a chuva, voltou.
Se Passaram 4 anos entre nós, sem nos vermos, sinto que o tempo parou. Tudo estava ali em seu devido lugar, pelo menos aparentemente.
Ainda tínhamos tudo aquilo, o algo mais posto em nossos olhares.
Depois de tanto tempo sem sentir um só abraço, de tantos apertões, o seu cheiro impregnou na minha roupa. Ali, eu estava feliz.
- O café chegou.
Entre as vírgulas e pontos finais tomava um gole ou outro. Mas não me deixava a só hora alguma. Seus olhos pareciam eternamente fixados aos meus, eram tão convidativos. Eram baixos, mas não tristes; confusos e pensativos, esbanjavam um sorriso para mim. Eu às vezes queria me perder dele, mas acabava por me perder nele, assim desviava o olhar para o café, mas ele não sumia, via agora seu reflexo.
Na cadeira estava o violão (se ele pudesse contar um pouco sobre nós, jamais se calaria); na mesa, as nossas chaves, o maço de cigarros junto ao isqueiro, a carteira e nossas mãos, estas se encontrando de vez em quando, mas sempre querendo ficar encaixadas.
Já não bastava somente o calor do café.
Pegou um cigarro e começou a falar baixinho, quase que sussurrando em meu ouvido. Estava caçoando o mesmo garçom que nos atendera minutos antes. Jogou ainda outras palavras, mas não eram tão importantes, o que me deixava longe era a maciez com que eram ditas.
Não acendeu o cigarro, primeiro o passou entre os dedos e depois colocou dentro do bolso de sua camisa pólo... Costume, assim era mais fácil de procura-lo quando sentisse o vicio bater.
Deixou seus olhos deslizarem juntamente as gotículas da chuva que estavam presas ao vidro. Voltou a nossa conversa.
Trouxe um pedaço do tempo que já estava longe de nós. Uma parte entre estas duas almas que desconhecíamos.
Mostrou-me fotos e tirou da sua carteira a 3x4 que havia dado a ele antes de partir. Pena que nem tudo acaba assim bonito e certo.
Deixou cair outra, mas de uma desconhecida, se não fosse tão distraída jurava que a vi entrar no café e sentar sozinha perto de nós.
Bateu o aperto que se juntou à saudade incondicional.
Minha mente estava em outra: depois daquele café, o que mais me aguardaria? Deixa-lo ou o ver partir?
O café entre nós havia esfriado.
Olhei novamente nos olhos daquele implausível ser diante de mim, alguma coisa teria me escapado no tempo em que não nos víamos, e os bons amigos que chegaram a algum dia ser algo mais já não se conheciam tão bem, o tempo já não estava para nós, e nós não estávamos para o tempo.
Em seu dedo reluzia o ultimo pedaço que iria nos separar; me arrancar todo o esforço e amor jogado por anos.
Perguntei se era realmente uma aliança e porque não havia me contado. Respondeu com um gesto positivo e disse que não encontrou maneira alguma para me dizer, não queria me contar.Mas precisava de algum jeito me mostrar, disse que ela estava ali, e que só estava esperando o momento certo...E esse existia?
Os olhos não retratavam mais tanta confiança, mas sim arrependimento e algum pressentimento sobre dois. Sabiam o que os meus fariam agora, se encheriam, mas não se deixariam cair.
Sentiu o meu desprezo.
Acabou-se o café, mas o meu permanecia ali, quase intocado.
A terceira pessoa já olhava em minha direção pedindo com gestos de impaciência para que me retirasse logo dali.
Alcancei minhas coisas e joguei o trocado em cima da mesa, pedi para que me ligasse depois, senti sua mão segurando meu pulso, implorando para que ficasse.
Implorou tanto, que ficou subentendido entre nós.
Coloquei o capuz para enfrentar as condições lá fora.
Levantei e disse apenas: “O meu café já está frio”.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sorria: você está sendo filmado!

Visto que não era este que eu queria postar (é que eu não encontrei um outro, rs)... espero que gostem =) (e entendam o recado! haha)


Sorria: você está sendo filmado!

O mundo está cada vez mais chato! Os dias passam e as pessoas se estressam por qualquer coisinha, fecham a cara e esquecem de sorrir. Gente chata... Poxa, vamos deixar para emburrar apenas em situações irremediáveis, caso contrário: dê risada! E muita!
O riso extravasa todos os problemas do dia-a-dia, acalma os ânimos, traz paz de espírito e é a base da alegria. Ele contagia e é contagiante; é impossível não esboçar um sorrisinho quando vê um bebê dando uma gargalhada bem espontânea!
Você anda na rua e a única imagem que vê é: pessoas com ar mal humorado, andando depressa, pensando em problemas e trabalho e dificuldades... Não param um segundo para refletirem sobre e enxergar que isso só faz mal.
Deixe-me contar algo que aconteceu comigo dia desses... Estava indo para um curso a pé, e tinha que atravessar uma praça, e nesta há tantas pombas, Deus, quanta pomba! (E eu não gosto nada dessas criaturinhas peculiares...) E, de repente, uma delas veio voando na minha direção. Acabei me apavorando, óbvio! Um rapaz passou ao meu lado e disse “Olha lá a pomba, moça!”. Não me aguentei e ri muito, incontrolavelmente!
Apesar de ter sido um pouco constrangedor, preferi levar na brincadeira e dar risada, a me irritar à toa. Inclusive, por ter acontecido esse (terrível) caso comigo, sei que consegui arrancar um risinho de qualquer passante perdido em busca de um minuto sequer de refúgio do estresse diário, nem tão passageiro assim (mesmo que sem querer).
Por isso, conselho de alguém que quer a felicidade generalizada: sorria, e bastante! Exercite essa mandíbula com algo além de reclamar, rapaz! Faz bem para o bem-estar, para o coração e para a mente. Vale a pena, garanto!

sábado, 23 de maio de 2009

Soneto a quem passa

Alô alô leitores, venho eu novamente vos falar em um novo post do Zebra... Esta semana que se passou foi corrida, pois voltei de viagem no domingo, e passei dias cheios de coisa pra ajeitar. Mas hoje felizmente estou tranquilo e sem compromisso algum (graças às maquinas de xerox, que agilizaram meu trabalho de copiar matéria escolar atrasada). Então, sem mais demoras, o post de hoje, bem singelo; Um soneto que escrevi a umas semanas atrás, qual ao menos para mim, foi um marco (talvez mais por motivos pessoais do que por outros). Espero que gostem.


Soneto a quem passa

Passas tão perto de mim todo dia
E sequer nota minha existência
Não há no mundo maior penitência
Ainda assim, sem ti não sorriria.

E como algo mais que idolatria
Faz brotar em meu peito abstinência
Não há espada ou cruz que me convença
Que uma morte, por ti em vão seria.

E se da forma qual desejo ver-te
Qualquer dolência em mim se conssumasse
Trairia-me ao perder-me em sua face;

Pois das dores, seria a mais amena
Afogar-me por ti, então, pequena
Num poço claro, sonho azul e verde.


(P.S; Logo logo farei um post especial, haha, aguardem...)

domingo, 17 de maio de 2009

Serial Killer

Tal texto não evidencia qualquer rastro da minha personalidade. Construi "Serial Killer" com a intenção de tentar compreender a mente deles. Li um livro com título quase homônimo ("Serial Killer: louco ou cruel?") há algum tempo. Espero que não me julgue através deste.
Enjoy, :*


Serial Killer

Maquinalmente vou criando planos; mirabolantes para alguns, completamente efetuáveis para mim. Independem de bons motivos: para mim sendo motivo já é bom. Meu cérebro é uma engrenagem que não pára um segundo sequer; não se cansa nunca.

Alguns chamam de doença, eu chamo de dom. Tenho absoluta certeza que não é qualquer um que consegue fazer o que eu faço. Já fui chamada de louca e esquisofrênica, mas tudo o que fiz foi em sã consciência.

Minha sede não é de sangue, é de dor. Da dor alheia, do choro, do desespero, do chamado do outro. Soa frio, eu sei, eu sou. Uma ou outra vez tentei mudar. A pedidos, confesso, mas falhei. E eu não gosto de falhar. Por isso eu sou assim. É infalível. Puno quem falha, não as permito, muito menos vindas de mim. Puno quem contradiz, quem contrapõe-se a mim.

Eu nunca consegui, e nunca conseguirei, explicar o que passa dentro de mim. Não diria que é simples, porque, além de eu não gostar do simples, seria hipócrita da minha parte afirmar isto. Por outro lado, “complexo” não é bem a palavra que me define. Sou assim. Indecifrável.

Minha torre de comando é minha mente, e minha alma é apenas um empecilho a mais. Pesa; faz de mim corcunda. Não que isso seja realmente um problema, só o digo para tentar libertar isso de mim, e mostrar-lhe que nem gênios são perfeitos.

Tornei o sofrimento meu instrumento de trabalho, e a preocupação com o que vem do outro a minha profissão, meu hobby, minha vida. E tudo o que a envolve – mesmo que tudo seja pouco.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Delírios de um louco consciente

Estava conversando com a Patrícia a uns dois dias atrás, e papo vai papo vem, mostrei a ela uns textos meus já bem antigos. Nenhum deles tem muito a ver com os que escrevo hoje em dia, em questão de tema e tudo mais, são completamente opostos. Mas, but, o lance é que ela gostou, e sugeriu que eu postasse um desses textos, e como eu não sei dizer não para essa coisinha magricelinha, hoje, diretamente do fundo do baú da (in)felicidade; Delírios de um louco consciente! Espero que gostem. :D



Delírios de um louco consciente


Vozes diabólicas saem do meu armário,
Garras assustadoras se debatem inquietas em baixo de minha cama.
Vultos brancos silenciosamente passam pela minha janela,
E a fundo do escuro de meu quarto, sinto que algo me chama.

Perdido nas memórias de antigas noite intermináveis,
Sinto-me tão frágil como aquelas fracas e amedrontadas crianças.
Não há pensamento positivo que me ajude a enfrentar minha sombra,
Pois ao saber que o pior se aproxima, simplesmente perco as esperanças.

Gritos desesperados ecoam por toda extensão de minha mente,
Cicatrizes antigas inevitavelmente se abrem no meu peito,
Filetes de sangue repentinamente escorrem por meu corpo,
Dores insuportaveis atingem intensamente o meu ser imperfeito.

Sonhos e desejos se transformam em um frio pesadelo da vida real,
O prazer e a mentira colidem com a dura realidade em que agora estou.
Meus dias de criatura impura deixaram marcas que jamais serão esquecidas,
Foram tamanhos os meus erros, que hoje, sinto medo do que fui, e nojo do que sou.

Malditos demônios que matam minhas noites de sono,
Quem me dera tivesse força para exilá-los eternamente da minha vida.
Mas não a vela nem reza que seja capaz de faze-los sumir,
Então, conformado com a verdade, desisto de lutar nessa batalha perdida.



André Yonezawa
08/12/06

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Continuação...

(...)O olhar, a boca, as palavras, o jeito que seus braços me envolviam, e eu me apaixonava cada vez mais.
E como todo bom romance, logo vieram nossos problemas. Começou com a família dela, ‘moço mais velho e de cidade grande não é certo!’, ‘ ta querendo alguma coisa, ou tem coisa aí!’, “ onde já se viu moço formado namorar menininha?’ , e eles tinham razão – em partes-. Era sete anos mais velho, ela 16 e eu 23. Não conseguia viver uma noite sequer sem sair, mas certo eu era, não fumava e bebia pouco. Estudava e tinha um bom conhecimento, e falando nos estudos, foram eles que mais nos separaram, não que tivessem escrito nosso óbito. Minha família é descendente de Italianos, tanto que eu sei a língua, e desde quando era um pequerrucho queriam me mandar para Itália para estudar. E fui. Deixei minha menina, aqui, sozinha. Meu broto crescer sem mim. Mas assim foi, na semana da minha partida ela havia voltado para sua cidade, e seus pais não deixavam a um bom tempo nos vermos. Não teria tempo de ir para lá, e ficaria na Itália durante quatro anos, exatos, iria numa quinta feira, e pretendia voltar em outra. E é nesse ponto que as rosas entram, fiz uma promessa a Iaiá onde as rosas se encaixavam. Na quinta feira da minha partida, mandei a ela um buquê de rosas brancas e vermelhas com um cartão, e nele estava escrito: “Do nosso amor, a gente é quem sabe pequena. Prometo lhe mandar rosas durante todas quintas feiras. Se elas não chegarem, olhe pela janela”. E seguia logo abaixo um endereço para ela me mandar cartas enquanto estava fora.
E foi assim, durante meus quatro anos na Itália, e esses foram bons...Mas também não via a hora de voltar, sentia vontade de abraça-la, sentir seu perfume e ver os girassóis. Como disse anteriormente, voltei numa outra quinta feira, com uma semana de atraso, mas pelo menos, voltei. Nesse dia as rosas não chegaram para ela, e a boa moça olhou pela janela como eu disse para fazer, e ela encontrou-as, só que agora, seguras pelos meus braços.
- Está tarde para um café?
E ela veio me receber com um sorriso de orelha a orelha. Estava com um ar mais de moça, e vestia um vestido daquele tomara-que-caia, preto, e com um colar de pérolas cinza. Foi naquela noite o meu pedido, não houve um namoro verdadeiro antes, mas optei por um casamento verdadeiro depois.
Já tinha planejado, se o pai dela aceitasse, moraríamos em Campinas ou até mesmo ali na cidadezinha, caso ele recusasse, fugiríamos para a Itália, onde eu já bem conhecia. Pena este ultimo não ter dado certo, teria sido uma grande aventura casarmos escondidos, mas foi impedido pelo pai dela, pois ele aceitou de primeira meu pedido, disse que agora, eu já estava preparado. Eu cheguei em Janeiro e nos casamos em junho, eu com 27 e ela com 20. Tivemos cinco filhos - eram seis na realidade, mas um nasceu de seis meses e não sobreviveu. Nos mudamos para Campinas então, comecei a trabalhar como advogado, e ela ficou em casa cuidando dos nossos filhos.
Admito ter passado por uma fase cheia de brigas e nervosismo, mas toda quinta feira ela se apaixonava por um botão de rosa... E assim, mantenho minha promessa até hoje, esperando que ela se apaixone cada vez mais e não me esqueça, nunca
.”
Terminou o pedaço de sua história voltando a olhar para baixo e deixando que de seus olhos caísse uma gotícula de lágrima, perguntei a ele como Iaiá poderia o esquecer depois de tantos acontecimentos e de tantas rosas, e ele finalmente levantou, agora, para responder a minha pergunta e dar um rumo na vida que lhe resta.
“Meu bem, agradeço-lhe pela conversa, mas tenho que me apressar, o cemitério fechará em uma hora! E ainda tenho que entregar as minhas rosas a minha pequena, afinal, hoje é quinta-feira... E se cumpri minha promessa durante quase 50 anos, não deixarei um só dia passar daqui para frente. Deve estar se perguntando porque ainda falo dela no presente e uso este símbolo, e digo a você que saberá apenas quando suas mãos se encaixarem em um outro alguém, um alguém que você passará a vida amando, e se lembrando depois e depois. Agradeço-lhe mesmo, de coração! Espero encontrar-lhe na próxima semana, de preferência no mesmo horário, para poder contar mais algumas coisas e lhe explicar sobre outras...”
Fiquei sem palavras no momento, apenas surpresa, sem saber se respondia com um “sinto muito” ou deixaria passar, mas mesmo que fosse responder algo seria tarde demais. O senhor já estava do outro lado da rua, e logo se perderia na multidão, sendo talvez possível vê-lo apenas por sua boina nublada.




Iaiá, se eu peco é na vontade de ter um amor de verdade, pois é, que assim em ti eu me atirei...Los Hermanos

É sempre amor, mesmo que acabe.
Com ela aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude.
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou. Bidê ou Balde

terça-feira, 5 de maio de 2009

Primeiro e Último Romance

Deixo aqui mais um texto, mas venho informa-los de que será dividido em dois posts, estes serão seguidos, e depois a ordem voltará ao normal.

Menina


Gosto de andar pelas ruas observando os rostos das pessoas, os quais mais admiro são os de senhores e senhoras, eles vivem a me intrigar. Por cada marca há uma grande história a ser contada. Imagino-me um dia chegar a essa condição, e poder contar as minhas aventuras e desventuras para outra geração.
Pois bem, destaco aqui um senhor, do qual me lembro todas quintas-feiras, e quando vejo rosas em meu caminho, me lembro de suas bochechas envergonhadas ao contar sobre sua amada, e lembro-me também, de sua promessa.
Deixarei aqui, um pedacinho de sua história...
Tudo começa numa quinta-feira, estava ali, parada na rua conceição, no centro de Campinas, esperando meu namorado me buscar, acabara de sair do curso técnico. Liguei para o Rafael –meu namorado- e ele me avisou que teria de esperar por uma hora e meia, estava voltando de São Paulo, vindo de uma reunião.
O sangue me ferveu, tínhamos combinado às 17 em ponto, e só conseguiria sair dali as 18:30!
Teria de arranjar algo para me distrair, foi ai que os rostos passaram a me chamar à atenção, ficava a olhar o movimento.
Mas teve alguém que realmente me chamou a atenção, alguém em especial.
Um senhor admirando e escolhendo flores do outro lado da rua, vi pegar umas cinco ou seis rosas, brancas e vermelhas, escolheu as maiores e mais bonitas.
E se sentou num banco da praça para continuar admirá-las com seus olhos baixos e seu sorriso de alguns poucos dentes verdadeiros. Parecia se sentir feliz, seu sorriso maroto não se escondia, estava usando uma boina, uma camisa xadrez e uma calça social, todas com diferentes tons de cinza, usava suspensório, e agora olhava calmamente ao seu redor, pegou-me no olhar e continuou a sorrir, decidiu se levantar, veio em minha direção e sentou no banco próximo a mim.
“Bonitas?” Perguntou me mostrando as rosas, não consegui conter o sorriso, e respondi que eram lindas na realidade, perguntei ainda para quem eram, ele olhou para o chão e me mostrou a mão, indicando a aliança de casado, “O nome dela é Iaiá”.
“Romântico a moda antiga”, pensei comigo. “O Rafael não me da flores, me deu uma vez, como pedido de desculpa e nunca mais as vi”.
Vi que o senhor queria contar suas palavras para mim. Queria cuspi-las, como se precisasse de um desabafo.
Sentei-me ao seu lado, olhei para ele e pedi para que me contasse um pouco mais sobre essa Iaiá. Continuou com os olhos baixos, mas não temia em esconder o sorriso, disse que iria contar-me como a conheceu e o que passaram, perguntou se meus ouvidos estavam preparados para uma longa história, fiz que sim com a cabeça e fiquei na expectativa, quando olhou em meus olhos, começou...
“Sabe minha jovem, não consigo me imaginar procurando por um amor nos dias de hoje, parece que é tanta gente pr’um lugar só, é tanto pega ali, e pega aqui, que você já não sabe mais quem é. Antigamente parecia algo complicado para nós, mas olho hoje, e vejo como era mais fácil. As sextas-feiras nos encontrávamos em praças ao anoitecer, as moças tinham hora para se recolher, as 22. Era bonito. Anunciávamos nossas pretendentes (como não sabíamos seus nomes, dizíamos para o locutor como estavam vestidas, as cores dos laços e vestidos) e oferecíamos a elas, no intervalo da banda, músicas românticas, melosas. Foi assim que a encontrei, depois de tantos perdidos na vida, pude encontra-la.Lembro que estava anoitecendo, foi uma das primeiras a chegar, chamou minha atenção desde o primeiro momento, sorridente e formosa. Era amiga da minha prima, mas nunca tinha visto ela, diziam que não era de Campinas, era de uma cidadezinha menor, aqui perto também, de família boa. Boa moça.
Pedi para tocar um Peixoto. Fiquei esperando a banda tocar, e enquanto tocava e esperava, comecei a procura-la com a cabeça, estava num vestido vermelho até os joelhos, preso na cintura por um cinto branco, sapato branco de salto alto e um laço vermelho com bolinhas pretas, os cachos do cabelo modelavam seu rosto delicado e suas maças rosadas, um batom vermelho delineava a boca da moça, e seus olhos me lembravam um girassol, eram verdes, mas no meio um tom de amarelo, transformando-os em pétalas. Uma graça. Ali foi a primeira vez. Minha prima me apresentou a ela na mesma noite. Eu Roberto, e ela Iaiá e nossas mãos se encaixaram naquele mesmo instante. Achei engraçado chamá-la de “Iaiá”, uma menina que chamava menina. Começamos um namorico escondido, mas admito que consegui abraça-la, envolvendo-a completamente entre os meus braços, somente depois de dois meses
.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Seus Olhos

Dedico este àquela que me inspirou.
E a todos que tem um olhar tão profundo quanto aos que narrarei...



Seus olhos sempre me deixaram, e continuam deixando-me, absorta, abobalhada. Não pela cor, ou formato, mas pela maneira com que eles encaram o mundo... tão firmes que me arrepiam.

Seus olhos tem uma profundidade inimaginável, algo quase inexistente. Buscam por amor, mostrando que haverá retribuição de uma forma verdadeira. Querem a mesma sinceridade vinda do outro com a qual eles vos dirigem. Desejam a mesma seriedade quando se trata de se entregar a alguém. Eles sofrem - eles são únicos.

Seus olhos que lavam almas quando estas estão aos prantos. Que trazem alegria quando corpos precisam de ânimo; que levam esperança e coragem a quem implora por uma saída. Que doam bondade a quem necessita, e que aprendem a falar quando palavras são insuficientes. Que sabem ser levados a sério nos momentos que precisam, mas são lembrados com muito riso por terem presenciado situações alegres.

Seus olhos que me trazem lembranças tão remotas de tempos bons, quando convivíamos. Eles mostraram-me a certeza, o poder, a verdade - e a beleza. Acima de tudo seus olhos são belos; belos de tão ingênuos e singelos. A harmonia paira, e a simetria ajuda. São originais; de tanta personalidade são quase personificados. Seus olhos são iluminados, divinos. Uma hora tal luz irá engraquecer, mas continuará intensa para quem já a viu - sabendo que ela nunca se apagará por completo.

sábado, 25 de abril de 2009

Haver (uma trilha sem rumo...)

Haver

O texto qual posto hoje, foi trabalhado com um carinho especial, pois foi escrito a pedido de uma grande amiga minha. Ela queria algo que a ajudasse a encontrar o caminho certo a rumar na vida, e que também "matasse" um pouco dessa angustia que existe em relação ao amanhã. No final das contas, enquanto escrevia, acabei encontrando um pouco mais de paz dentro de mim mesmo, e foi com ajuda dessa paz que trabalhei durante o mês que passei "peneirando" meu pensamento sobre o que um dia virá a acontecer em nossas vidas. Tal escrito foi de grande bem e importância tanto para mim, quanto para essa minha amiga, então, no mais, espero que gostem.

Um grande abraço.





Haver


Letra por letra, traço no papel uma trilha sem rumo... Cada palavra passada bifurca meu mundo, parte em cacos canto a canto a minha arte, encobre, divide, apaga e reescreve.
Escrevo enquanto a trilha sem rumo só se estende.
Não há sentido que me guie pelo som hipnótico do lápis rabiscando o papel, sinfonia que precede ou prolonga o fim de cada estória.

Não sei resistir, tampouco re-existir a cada novo final. Quero mais, mas não sei como tê-lo... Fecho minha mente por escassez de palavras. Os devaneios que em mim se formam não se algemam a dicionários e gramáticas, vão além do alcance da língua... Beiram o céu e o inferno. Busco na veia, com cada gota de sangue, uma migalha de pão que retome o meu norte, e busco com tal intensidade, que perco toda a certeza sobre qualquer busca. Ai então, só fecho os olhos para sentir os riscos e rasgos do desfazer da grafite.

Escrevo enquanto a trilha sem rumo só se estende... Preencho com gracejos e lampejos da certeza do incerto que me aguarda. Além de cada folha se esconde talvez um novo tesouro, ou quem sabe qualquer segredo... Pedras e sementes, desertos, sóis, maçãs... Dores. Alma alguma se contenta apenas com um rodapé, que posso fazer então? Enquanto houver espaço, corpo, tempo, e algum modo de dizer não; Escrevo.

E meus olhos por vezes cedem ao cansaço, e pedem pelo repouso no remanso de um rio da vida, os pés na água me afogam por inteiro, correm lá minhas próprias idéias, como peixes ou borbulhas. A correnteza há de me levar, sequer reluto. Não há luta, apenas o tempo.

Escrevo enquanto a trilha sem rumo só se estende... Além de qualquer vale, corta a trilha. E ai daquele que com o olhar tentar ver o fim de sua estrada, pois tal é tão distante quanto o ouro ao cabo do arco-íris. O vento há de guiar os passos. Não tem pressa, apenas o tempo.

Brilham no céu as estrelas, e cá qual mão suave, borras de chá ou cartas abertas hão de dizer o que os astros sabem? E qual constelação há de ensinar o viver ao tempo? Para que olhar os ponteiros do relógio, esperando a meia-noite e imaginando o novo dia? Temos mais é de viver o agora. Quanto ao depois, deixá-lo-emos com o tempo... Por hora, apenas viro a página, e escrevo enquanto a trilha sem rumo só se estende.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Tem-se jeito!

Quero compartilhar algo que eu fiz para o colégio com vocês, e particularmente eu gostei. Nunca consigo construir bons textos quando me fornecem temas, mas dessa vez eu (acho que) consegui, e quero muito que vocês vejam no que deu!

"Quando tudo já está ruim, algo pior acontece..." foi a frase na qual eu deveria me inspirar. Lá vai, hein? Espero que gostem! =) beijones, e até :*



Tem-se jeito!

Nada é tão ruim que não possa piorar! E isso é provado no nosso próprio dia-a-dia, no decorrer do tempo. É fato: quando nós achamos que tudo está indo mal o suficiente, algo pior ainda acontece. Parece até piada.

Por exemplo: você é uma pessoa super pontual, e nunca perde o horário; mas dia desses aconteceu de acordar muito tarde, atrasadíssimo. Quanta infelicidade. Quando viu, mal lavou o rosto, trocou de roupa e já estava chegando no trabalho. Chegando lá, naquele prédio altíssimo, no qual você trabalha no último andar, o elevador nunca chega; e assim, lenta e dolorosamente, você vai se estressando.

Linha de chegada. Pronto, agora você acha que está tudo bem e nada mais lhe atrapalhará... errado. Seu notebook ficou em casa, na pressa. Certo, certo... depois de xingar o mundo e todas as suas gerações, se acalmou e viu que dá para usar o computador da empresa. O resto do dia... uma irritação atrás da outra.

Hora de voltar para casa (Deus é pai!). Sai alegremente saltitante, para se deparar com um tráfego gigante, e que, segundo a rádio, está com quinze quilômetros de trânsito parado. "Calma" é a palavra que você repete um milhão de vezes até o momento em que mete a mão na buzina. Duas horas depois, lar doce lar. Ou não. Porque você lembrou que tem o chuveiro para consertar, tem que comprar manteiga e açúcar, e arrumar aquele armário cheio de tranqueira. Depois disso tudo, você só tem que desistir do seu fim de dia e ir dormir, não é? É. E no fim das contas é isso mesmo o que acontece.

Normal. Sempre assim. E o pior é que quando tudo está acontecendo, nós não pensamos em nenhuma solução original que possa tornar o dia menos ruim. Mas que sempre há um jeito de piorar o que já não está bom, isso ha´! Cabe a nós mesmos tentarmos reverter a situação, porque para tudo tem-se um jeito, mesmo que achemos que não. De qualquer forma, situações como essas serevem para nos ensinar, ou pelos menos, nos fazer dar um pouco de risada em meio a tanto caos, depois que tudo se acertou!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Aquarela infinda

O amor, como bem disse o poeta, corta e fere o coração... Por vezes nós o temos, e sequer vemos. Ou cremos demais, sem ver que talvez um dia venha o fim.
A cada paixão, então, faz abrir uma janela em seu peito, pois o amor é pássaro belo, que como qualquer outro, repousa num parapeito como quem se aninha no seio de uma mãe.
Por mais que hoje seu poema se borre em lágrima, deixe estar. O pranto rega o ser, faz nascer (ou renascer) no amanhã o sorriso plantado no fundo da alma. Há de brotar uma flor de alegria, colorindo sua vida com uma aquarela que nunca mais descolorirá.
Existe aqui e agora, o poder de mudar as coisas... Tristeza tem fim, sim! E com palavras, sorrisos e calorosos abraços, espero poder (ou podermos...) fazer abrir não só um, mas todos os sóis desta vasta vida.
Cante uma bela canção, sinta o mundo ao seu redor, dance ao som de nada, seja tudo e crie sua própria terra forjada de sonhos. Não há amor maior que o seu, nem coisa mais bela que tal.
Amor e felicidade não tem fim, tristeza... Tristeza tem SIM!


"Esquece, vai sorrir."

sexta-feira, 13 de março de 2009

Um pouco de perfeição

Vivi um sonho. Ou sonhei uma vida. Ainda estou tentando descobrir o que de fato ocorreu. Minha única certeza é que foi lindo.

Lembro-me de cores, muitas cores. Muito rosa, lilás e amarelo. Deus, como havia alegria! Também lembro-me bem de uma série de belas harmonias, as quais todos a sabiam de cor. (Inclusive, se não me engano só havia conhecidos por perto...) Eram bem elaboradas, trabalhadas, com alguns detalhes um bocado complicados. Mas a melodia era memorável; uma perfeição musical.

Ainde me recordo de um lindíssimo céu anil, com algumas nuvens perdidas e um sol radiante - o clima estava muito agradável para um inverno previsto rigoroso -. Pequeninos pássaros sobrevoavam nossas cabeças como se estivéssemos na primavera.

Uma vaga idéia passa pela minha cabeça alegando que as pessoas transviavam por ruas limpas. E nestas via-se o verde! Será? Improvável, mas não impossível.

Fui a um mundo utópico, psicodelicamente animadamente perfeitamente incrível e quase inimaginável. Ou talvez estou num mundo assim, só não o enxergo. Caso não, bem que poderia...aliás, ainda cantarolo aquela única melodia para a esperança não empretecer.



"poderia até pensar que foi tudo um sonho, ponho meu sapato novo e vou passear..."

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Estação dos olhos castanhos

O outono sempre reina por trás de minha janela. Folha por folha despe as árvores, criando um ciclo de amor entre a maciez da terra e a rigidez dos troncos.
Cada folha que cai tem um balanço próprio, uma dança tão sonolenta, que nos transporta para outra realidade ao observarmos seu trajeto de corte pelo ar. Os pedaços vegetais quedam no solo com leveza, como o toque de uma mãe em seu bebê... É a natureza prosperando, se fazendo eterna e sábia como nenhuma outra coisa no universo.

Ver este balé verde-amarelo que uma vez por ano faz sua turnê pelos parques e quintais de toda a cidade, faz lavar meu coração. Saber então que neste outono,também poderei ter além dos meus, um outro par de olhos castanhos para observar o espetáculo, faz com que eu me sinta mais feliz ainda. Voltarei a ter ao meu lado a menina que adoça da melhor forma possível todos os meus dias. Poderei enfim abraça-la, e matar toda essa saudade que se acumula já a quase quatro estações... Saudade que pede esperançosa momentos felizes para servirem de recordação até um próximo outono, ou quem sabe um mais breve verão.

Enquanto a mãe terra aguarda uma folha seca que caia em sua face, e a nutra com o carinho de sua criação, eu espero um sorriso sincero, que nutrirei com outro tão sincero quanto. Serão dias belos... Sei que serão. Até então, só espero. Que venha logo junto ao outono, a primavera de minha vida.



"Hoje choveu bonito e manso pela tarde... Fiquei talvez por horas olhando o céu cinzento pingar, justamente para mim, lágrimas de solidão."

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

o sonho.

Não há alguém que nunca sonhou. Pode sair perguntando mundo afora, que não irá encontrar um único ser racional que não tenha ao menos um sonho, algo que almeje nessa nossa curta e passageira vida... já dizia Joseph Ernest Renan: "nossos sonhos são a parte melhor da nossa vida", e é verdade.

Todos sonhamos, imaginamos, queremos algo. Seja uma casa própria para morar, ou um carro para dirigir, ou uma viagem. Pode ser também o sonho de ter a mãe de volta para mimar, ou irmão para brigar, ou um amor para acarinhar, Seja o que for, sonhamos.

E sonhamos porque é preciso, afinal, sonhos não passam de meros objetivos de vida... e nada é tão importante para crescer do que ter metas a serem alcançadas. Acredite, a alegria de ter um sonho sendo realizado é enorme! Pricinpalmente quando faz-se de tudo para cumpri-lo.

Não pode haver medo. Sonhar é natural, é da espécie humana, quase um instinto. Po isso... não acanhe-se. Sonhar faz bem, é bonito, saudável e todo mundo o faz. Sem dizer que quando sonha-se alto, viajas completamente! E isso é uma delícia, não?

Sonhe sem medo. Não Temas o ato de sonhar. E sonhe alto, muito alto, sem deixar que alguém lhe diga que não irá conseguir realizá-lo, pois "o que alarga a vida de uma pessoa são os sonhos impossíveis"...


Mesmo quando ele consegue o que ele quis, quando tem já não quer!
Um Par, Los Hermanos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Amanhã vou para Lisboa (Recordar é viver)

A uns dois dias atrás, peguei com uma amiga dois cadernos meus, repletos de textos e poemas antigos (coisas que escrevi na sexta, sétima e oitava série). Já fazia mais de um ano que eu não os abria nem para folhear, então, resolvi tirar uma tarde para ler texto por texto, e recordar um pouco de minha "infância poética" (haohaoahoahaoa).
Sabem, quase todos os poemas que já escrevi, tem uma história por trás de cada verso... Coisas banais, das quais eu já nem me lembro muito bem. Independente disso, cada um deles se tornou único, por ter gravado em si um momento de minha vida. Ainda que antigamente minhas rimas fossem furadas (Do tipo "Ana tem cara de banana" aohaohaohaoahoa), que minha letra fosse horrível (eu tive um trabalhão pra decifrar meus garranchos :x) que fosse tudo tão simples, sem métrica e com muitos erros de português, acho que vale a pena guardar, e sempre reler toda essa minha "trajetória" pelas folhas de papel.

Mudando um pouco de rumo, encontrei no meio de um desses cadernos, uma idéia não concluída... Umpequeno texto o qual idealizei, mas deixei de lado por algum motivo maior. Ao ler um único trecho que deixei escrito, percebi que era hora de terminá-lo, então, eu o fiz. Posto aqui uma de minhas velhas idéias, moldadas por novos olhos.


Amanhã Vou Para Lisboa

Quero chorar minha vida toda, para a partir de então, viver somente dias felizes.
A morte dos avós, pais e irmãos, chorarei hoje. (A da bezerra e do amigo também.)
Todos os amores sofridos, vão correr em lágrimas. As feridas que o tempo me trará, se abrirão e cicatrizarão ainda hoje!
Todas as dores, minhas, dos outros, de Deus e do mundo, me encarregarei de derramar. Um, dois, mil prantos! Que seja! Chorarei tudo hoje!

Se tenho mais motivos para chorar...
Desconheço-os.

Se sabes de qualquer motivo que possa me fazer chorar...
Fale-me agora, para que eu possa chorar logo.

Amanhã cedo, fugirei de toda a tristeza. Pegarei um vôo para Lisboa.
Tomarei ao entardecer, um choop gelado, rindo e lembrando do dia em que chorei minha vida inteira. Farei isso como quem nunca mais irá chorar na vida.


Nao ficou lá essas coisas, mas, como todos os textos.... Tem sua história.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

sobre o amor (ou sobre a felicidade)

sendo

verdadeiro bonito único sincero diferente incrível profundo original extraordinário inigualável puro melodia intenso gostoso confortante desesperador música destruidor pulsante intimidador egoísta bravo gigante forte imponente poesia idealista romântico inexplicável movimento choroso dança complexo, INFINITO

pode ser a

alegria extrema de quem um dia sonhou com felicidade.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O poço

A batida quebra o peito,
Infiltra na alma
E afoga o ser.

O ser afogado não nada,
Bóia no Nada
É tudo ou nada.

Quem nada não sabe seu rumo
Eu vivo, ou sumo?
Sou peixe? ou pedra?

Se pedra, bem sente que pesa
Afunda, tem pressa,
Pro fundo do poço.

Do poço, não se vê o céu,
Se escorre pra terra,
Se vaga ao léu.

Ao léu, se encontra o topo
De um lado ou de outro
Porém ambos loucos.

Batida no peito da alma do ser... Afoga no nada da pedra do poço...
Só somos iguais, dos pés ao pescoço.



"O Buraco do espelho está fechado... Agora tenho que ficar aqui."
Arnaldo Antunes

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Desassossego.

Fez-se a arte de se perder a calma.
Da inquietação.
Da intranqüilidade.
Da aflição.
A eterna busca pela felicidade eterna.
Incansavelmente.
Uma busca que vai para a felicidade inexistente.
Para desejos que inda virão.
O transbordar dos pensamentos.
O desassossego da alma.
O transtorno do bom ou péssimo humor.
O esquecimento do barulho do silêncio.
Uma tranqüilidade que desabrocha na pele aflita, intocada, temida.
Agitada.
Alguém julgado pela impaciência e defendido pela irritação.
Um incalculável estímulo.
Fez-se a arte da exaltação.
Fez-se a arte do desassossego.



"Como pode alguém sonhar, O que é impossível saber ? " L.H.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Sofrimento Antecipado [de nada vale]

Chorava em silêncio porque já era madrugada e não queria acordar seus pais. Já era tarde e já fazia horas que estava naquela mesma posicão fazendo a única coisa que a fazia sentir-se menos pior. Não que chorar a deixava realmente bem, mas era como se um peso horrível desaparecesse de dentro de si. Nem seu cérebro paráva de pensar, nem as lágrimas paravam de rolar. Doía. Muito. Mas não conseguia parar. Nem de pensar, nem de chorar.

Sofria por antecipação; pensava só no que poderia acontecer , em como iria sentir falta de tudo, em como não queria deixar escapar de suas próprias mãos essa felicidade que a fazia tão bem... Ou será que não estava em suas mãos? É... pensando bem, simplesmente dizer "não" para o que iria acontecer mais cedo ou mais tarde estava fora do seu alcance.

Já passava das 3:30 da madrugada, quando olhou pela janela e viu aquela lua enorme e redonda... assim como seu rosto estava. Sentia-o inchado, Feito a lua. Sentiu como se o vento acariciasse seu rosto, como alguém querido a tocasse com carinho, quase dizendo para não temer o futuro. Aquilo a acalmou um pouco.

Dez para às quatro. Queria falar, mas não podia. Queria gritar, mas não podia. Queria ouvir uma música no volume máximo, mas não podia. De repente uma sensação de impotência tomou conta dela. Queria ir contra esse sentimento... não podia.

Quase 4:40. Já era manhã, algumas pessoas já estavam se levantando para irem trabalhar... quando ela simplesmente concluiu que cansara de sofrer antes da hora. Cansara de chorar para tentar espantar fantasmas que nem haviam chegado ainda. Iria aproveitar o seu momento, o tempo que ainda tinha. Do seu jeito. Decidiu ouvir o vento e não temer o que poderia acontecer.


Eu vou ficar são. Mesmo se for só, não vou ceder. De onde vem a calma, Los Hermanos.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Zebra Xadrez - A Origem

Tudo começou com uma idéia da Patrícia... Um dia desses, ela chegou para mim no msn, e disse "Dré, tenho uma amiga (a Kerina) que também escreve como você, ai andei pensando, porque nós três não fazemos blog?" Eu, que já escrevo em um outro blog particular, topei na hora. Então, uns dias depois, fizemos uma ahmm "conferência" para decidir como se chamaria nosso tão almejado blog. Foram horas e horas perdidas, discutindo todo o tipo de nome incomum... Queríamos um que ultrapassasse todas as expectativas, e nos remetesse a coisas que definitivamente não são vistas todo dia. Assim, passamos por esquilos, maçãs, caixinhas explosivas, e outras coisas mil. No final das contas, tudo isso acabou dando em zebra... Mas não foi qualquer zebra, foi uma Zebra Xadrez!
Do nome, logicamente surgiu nosso layout; As zebrinhas espantadas com sua colega de estampa diferente (cá para nós, deu um trabalho do peru!) eu fiz meio que de surpresa, e só mostrei pra Pat e pra Ká depoi de pronto. Felizmente ambas aprovaram. É claro que eu tive que fazer algumas ameaças para que isso acontecesse... HAHA Mentirinha, foi um sucesso mesmo!.
Por fim, com o nome e o layout prontos, definimos de uma vez por todas a nossa proposta; Retratar o cotidiano de forma diferente... Colocaremos aqui coisas estranhas, pensamentos, fatos engraçados, e tudo o que foge da mesmice.
Agora com a autorização das minhas coleguinhas, declaro este blog oficialmente aberto! (Palmas por favor).
Enfim, por hoje, meu trabalho está feito. Aos leitores, espero que tenham gostado deste primeiro post.
Até a próxima pessoal.


Zebra Xadrez, por um Happy Hour sem álcool!