terça-feira, 5 de maio de 2009

Primeiro e Último Romance

Deixo aqui mais um texto, mas venho informa-los de que será dividido em dois posts, estes serão seguidos, e depois a ordem voltará ao normal.

Menina


Gosto de andar pelas ruas observando os rostos das pessoas, os quais mais admiro são os de senhores e senhoras, eles vivem a me intrigar. Por cada marca há uma grande história a ser contada. Imagino-me um dia chegar a essa condição, e poder contar as minhas aventuras e desventuras para outra geração.
Pois bem, destaco aqui um senhor, do qual me lembro todas quintas-feiras, e quando vejo rosas em meu caminho, me lembro de suas bochechas envergonhadas ao contar sobre sua amada, e lembro-me também, de sua promessa.
Deixarei aqui, um pedacinho de sua história...
Tudo começa numa quinta-feira, estava ali, parada na rua conceição, no centro de Campinas, esperando meu namorado me buscar, acabara de sair do curso técnico. Liguei para o Rafael –meu namorado- e ele me avisou que teria de esperar por uma hora e meia, estava voltando de São Paulo, vindo de uma reunião.
O sangue me ferveu, tínhamos combinado às 17 em ponto, e só conseguiria sair dali as 18:30!
Teria de arranjar algo para me distrair, foi ai que os rostos passaram a me chamar à atenção, ficava a olhar o movimento.
Mas teve alguém que realmente me chamou a atenção, alguém em especial.
Um senhor admirando e escolhendo flores do outro lado da rua, vi pegar umas cinco ou seis rosas, brancas e vermelhas, escolheu as maiores e mais bonitas.
E se sentou num banco da praça para continuar admirá-las com seus olhos baixos e seu sorriso de alguns poucos dentes verdadeiros. Parecia se sentir feliz, seu sorriso maroto não se escondia, estava usando uma boina, uma camisa xadrez e uma calça social, todas com diferentes tons de cinza, usava suspensório, e agora olhava calmamente ao seu redor, pegou-me no olhar e continuou a sorrir, decidiu se levantar, veio em minha direção e sentou no banco próximo a mim.
“Bonitas?” Perguntou me mostrando as rosas, não consegui conter o sorriso, e respondi que eram lindas na realidade, perguntei ainda para quem eram, ele olhou para o chão e me mostrou a mão, indicando a aliança de casado, “O nome dela é Iaiá”.
“Romântico a moda antiga”, pensei comigo. “O Rafael não me da flores, me deu uma vez, como pedido de desculpa e nunca mais as vi”.
Vi que o senhor queria contar suas palavras para mim. Queria cuspi-las, como se precisasse de um desabafo.
Sentei-me ao seu lado, olhei para ele e pedi para que me contasse um pouco mais sobre essa Iaiá. Continuou com os olhos baixos, mas não temia em esconder o sorriso, disse que iria contar-me como a conheceu e o que passaram, perguntou se meus ouvidos estavam preparados para uma longa história, fiz que sim com a cabeça e fiquei na expectativa, quando olhou em meus olhos, começou...
“Sabe minha jovem, não consigo me imaginar procurando por um amor nos dias de hoje, parece que é tanta gente pr’um lugar só, é tanto pega ali, e pega aqui, que você já não sabe mais quem é. Antigamente parecia algo complicado para nós, mas olho hoje, e vejo como era mais fácil. As sextas-feiras nos encontrávamos em praças ao anoitecer, as moças tinham hora para se recolher, as 22. Era bonito. Anunciávamos nossas pretendentes (como não sabíamos seus nomes, dizíamos para o locutor como estavam vestidas, as cores dos laços e vestidos) e oferecíamos a elas, no intervalo da banda, músicas românticas, melosas. Foi assim que a encontrei, depois de tantos perdidos na vida, pude encontra-la.Lembro que estava anoitecendo, foi uma das primeiras a chegar, chamou minha atenção desde o primeiro momento, sorridente e formosa. Era amiga da minha prima, mas nunca tinha visto ela, diziam que não era de Campinas, era de uma cidadezinha menor, aqui perto também, de família boa. Boa moça.
Pedi para tocar um Peixoto. Fiquei esperando a banda tocar, e enquanto tocava e esperava, comecei a procura-la com a cabeça, estava num vestido vermelho até os joelhos, preso na cintura por um cinto branco, sapato branco de salto alto e um laço vermelho com bolinhas pretas, os cachos do cabelo modelavam seu rosto delicado e suas maças rosadas, um batom vermelho delineava a boca da moça, e seus olhos me lembravam um girassol, eram verdes, mas no meio um tom de amarelo, transformando-os em pétalas. Uma graça. Ali foi a primeira vez. Minha prima me apresentou a ela na mesma noite. Eu Roberto, e ela Iaiá e nossas mãos se encaixaram naquele mesmo instante. Achei engraçado chamá-la de “Iaiá”, uma menina que chamava menina. Começamos um namorico escondido, mas admito que consegui abraça-la, envolvendo-a completamente entre os meus braços, somente depois de dois meses
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2 comentários:

  1. Eu, que já li o texto todo, acho esse o melhor trabalho já feito por você, nina querida. Coisa mais linda! =) <3

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  2. :O que fofooo. Essa história é simplesmente linda! Amei ^^

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