terça-feira, 30 de junho de 2009

Carta a uma Guerra

Meu bem,
Estou fazendo esta junção de palavras a ti, no escuro, enquanto observo seu corpo cair num sono profundo.
Sairei antes que o sol de seus olhos nasça e brilhe em mim, antes que possa vir a ver a doçura continua do seu sorriso e o tilintar dos seus passos no assoalho.
Antes que possa me despedir; antes de me despedir de um jeito digno; antes que minhas lágrimas teimem a saltar dos meus olhos e cair por ti.
Odeio despedidas.
Sabe que não irei por vontade minha, irei por vontade do próximo; por vontade ao próximo.
Mas prometo de ti lembrar, todo dia, toda vez que o crepúsculo me alcançar.
Vejo agora que o tempo ruim não é tão ruim assim: a neve e a chuva não são tão frias e deprimentes, são bonitas e inspiradoras, mas onde é que eu vou, elas são de um tom vermelho vivo. Espero não ter que abraça-las...
Não quero que sofra de modo algum por mim, mas temo em lembra-la que a cada cinco minutos, de dez em dez já não posso mais estar aqui.
Se não voltar, coloque seus pés onde eles tinham de ir, onde nós tínhamos de ir, mas nunca fomos.
Não tropece nos seus sonhos, mas enterre os nossos.E’Leve os seus ao infinito...
Garanto que eles serão o meu único refugio para fugir de onde vou.
A guerra não está inteiramente lá, mas sim aqui, dentro de minhas quatro paredes ocas.
Sinto minha alma despedaçada, indo de encontro a ti, mas chegando duas vezes atrasada...
Eu, infelizmente, terei de deixar todas as nossas caixas e planejamentos guardados, prometo lhe trazer, assim que voltar, o último ponto para nossa aliança.
O seu dia será o meu.
Prometo lhe escrever quando puder, e fazer das palavras nossas inconfidentes.
Prometo lhe embrulhar beijos no papel e a sonoridade de minhas musicas: cante-as, para que ao longe eu poça ouvi-las, e perder ao menos a consciência para não ver o que ocorre lá.
E se não chegar, não me espere, porque voltar, eu jamais irei. O que voltará será apenas o meu paletó.
E faltam cinco minutos...E de dez em dez já não estarei mais aqui.

Bem, meu bem, aqui jaz o nosso último dia de muitos outros últimos dias.

Ti amo con tutte le lettere, senza più.

Um comentário:

  1. cara nina, já estava até com saudades dos seus textos que me ajudam a passar o meu tão precioso tempo.

    niina, gostei gostei.
    beijao
    Fer.

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