domingo, 11 de abril de 2010

O outro

Deixando a mão escorregar pela outra metade do colchão sentia que o calor do outro corpo tinha ido embora...Esfriara tão rápido ou há muito tempo?
Abriu os olhos lentamente, queria não ter a certeza.
Era como se metade de si não estivesse mais ali.
Espreguiçou-se e deixou os olhos fixos na coberta que parecia intocada, como se o outro corpo apenas tivesse desaparecido.
Olhou ao redor; a porta da varanda agora estava aberta e o vento insistia em entrar para esfriar-lhe cada vez mais o coração.
Entendeu tudo.
Esperava apenas que ele não tivesse se jogado da varanda, afinal, era uma longa caminhada do sétimo andar até o chão.
Entendeu tudo aquilo como se não quisesse entender.
Se não entendesse todos aqueles anos seriam apenas longos sonhos.



O engraçado é que até hoje dorme com a porta da varanda aberta como se esperasse, até um dia, ele voltar.

2 comentários: